Porque a terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar. Hc 2:14
domingo, 31 de janeiro de 2016
Dwight Lyman Moody - Célebre ganhador de almas
Dwight Lyman Moody
Célebre ganhador de almas
(1837-1899)
Tudo aconteceu durante uma das famosas campanhas de Moody e Sankey para salvar almas. A noite de uma segunda-feira tinha sido reservada para um discurso dirigido aos materialistas. Carlos Bradlaugh, campeão do ceticismo, então no zênite da fama, ordenou que todos os membros dos clubes que fundara assistissem à reunião. Assim, cerca de 5000 homens, resolvidos a dominar o culto, entraram e ocuparam todos os bancos.
Moody pregou sobre o texto: " A rocha deles não é como a nossa Rocha, sendo os nossos próprios inimigos os juizes" (Deuteronômio 32.31).
"Com uma rajada de incidentes pertinentes e comoventes das suas experiências com pessoas presas ao leito de morte, Moody deixou que os homens julgassem por si mesmos quem tinha melhor alicerce sobre o qual deviam basear sua fé e esperança. Sem querer, muitos dos assistentes tinham lágrimas nos olhos. A grande massa de homens, demonstrando o mais negro e determinado desafio a Deus estampado nos seus rostos, encarou o contínuo ataque de Moody aos pontos mais vulneráveis, isto é, o coração e o lar.
"Ao findar, Moody disse: 'Levantemo-nos para cantar: Oh! vinde vós aflitos! e, enquanto o fazemos, os porteiros abram todas as portas para que possam sair todos os que quiserem. Depois faremos o culto, como de costume, para aqueles que desejarem aceitar o Salvador.' Uma das pessoas que assistiu a esse culto, disse: 'Eu esperava que todos saíssem imediatamente, deixando o prédio vazio. Mas a grande massa de cinco mil homens se levantou, cantou e assentou-se de novo; nenhum deles deixou seu assento!'
"Moody, então disse: 'Quero explicar quatro palavras: Recebei, crede, confiai, aceitai.' Um grande sorriso passou de um a outro em todo aquele mar de rostos. Depois de falar um pouco sobre a palavra recebei, fez um apelo: 'Quem quer recebê-lo? É somente dizer: Quero.' Cerca de cinqüenta dos que estavam em pé e encostados às paredes, responderam: 'Quero', mas nenhum dos que estavam sentados. Um homem exclamou: 'Eu não posso', ao que Moody replicou: 'Falou bem e com razão, amigo; foi bom ter falado. Escute e depois poderá dizer: Eu posso'. Moody então explicou o sentido da palavra crer e fez o segundo apelo: 'Quem dirá: Quero crer nele?' De novo alguns dos homens que estavam em pé responderam, aceitando, mas um dos chefes dirigente dum clube, bradou: 'Eu não quero!' Moody, vencido pela ternura e compaixão, respondeu com voz quebrantada: 'Todos os homens que estão aqui esta noite têm de dizer: Eu quero ou Eu não quero'.
"Então, levou todos a considerarem a história do Filho Pródigo, dizendo: 'A batalha é sobre o querer - só sobre o querer. Quando o Filho Pródigo disse: Levantar-me-ei a luta foi ganha, porque alcançara o domínio sobre a sua própria vontade. É com referência a este ponto que depende tudo hoje. Senhores, tendes aí em vosso meio o vosso campeão, o amigo que disse: Eu não quero . Desejo que todos aqui, que acreditam que esse campeão tem razão levantem-se e sigam o seu exemplo, dizendo: Eu não quero.' Todos ficaram quietos e houve grande silêncio até que, por fim,
Moody interrompeu, dizendo: 'Graças a Deus! Ninguém diz: Eu não quero. Agora quem dirá: Eu quero? Instantaneamente parece que o Espírito Santo tomou conta do grande auditório de inimigos de Jesus Cristo, e cerca de quinhentos homens puseram-se de pé, as lágrimas ro-lando pelas faces e gritando: 'Eu quero! Eu quero!' Clamaram até que todo o ambiente se transformou. A batalha foi ganha.
"O culto terminou sem demora, para que se começasse a obra entre aqueles que estavam desejosos de salvação. Em oito dias, cerca de dois mil foram transferidos das fileiras do inimigo para o exército do Senhor, pela rendição da vontade. Os anos que se seguiram provaram a firmeza da obra, pois os clubes nunca se ergueram. Deus, na sua misericórdia e poder, os aniquilou por seu Evangelho."
Um total de quinhentas mil preciosas almas ganhas para Cristo, é o cálculo da colheita que Deus fez por intermédio de seu humilde servo, Dwight Lyman Moody. R. A. Torrey, que o conheceu intimamente, considerava-o, com razão, o maior homem do século XIX, isto é, o homem mais usado por Deus para ganhar almas.
Não é exagero dizer que, hoje em dia, muitas décadas depois de sua morte, os crentes se referem ao seu nome mais do que a qualquer outro nome depois dos tempos dos apóstolos.
Que ninguém julgue, contudo, que D. L. Moody era grande em si mesmo ou que tinha oportunidades que os demais não têm. Seus antepassados eram apenas lavradores que viveram por sete gerações, ou duzentos anos, no vale do Connecticut, nos Estados Unidos. Dwight nasceu a 5 de fevereiro de 1837, de pais pobres, o sexto entre nove filhos. Quando era ainda pequeno, seu pai faleceu e os credores tomaram conta do que ficou, deixando a família destituída de tudo, até da lenha para aquecer a casa em tempo de intenso frio.
Não há história que comova e inspire tanto quanto a daqueles anos de luta da viúva, mãe de Dwight. Poucos meses depois da morte de seu marido, nasceram-lhe gêmeos e o filho mais velho tinha apenas doze anos. O conselho de todos os parentes foi que ela entregasse os filhos para outros criarem. Mas com invencível coragem e santa dedicação a seus filhos, ela conseguiu filhos no próprio lar. Guarda-se ainda, como tesouro precioso, sua Bíblia com as palavras de Jeremias 49.11 sublinhadas: "Deixa os teus órfãos, eu os conservarei em vida; e confiem em mim tuas viúvas."
- "Pode-se esperar outra coisa a não ser que os filhos ficassem ligados à mãe e que crescessem para se tornarem homens e mulheres que conhecessem o mesmo Deus que ela conhecia?" - Assim se expressou Dwight, ao lado do ataúde quando ela faleceu com a idade de noventa anos: -"Se posso conter-me, quero dizer algumas palavras. É grande honra ser filho de uma mãe como ela. Já viajei muito, mas nunca encontrei alguém como ela. Ligava a si seus filhos de tal maneira que representava um grande sacrifício para qualquer deles afastar-se do lar. Durante o pri-meiro ano depois que meu pai faleceu, ela adormecia todas as noites chorando. Contudo, estava sempre alegre e animada na presença dos filhos. As saudades serviam para chegá-la mais perto de Deus. Muitas vezes eu me acordava e ela estava orando, às vezes, chorando. Não posso expressar a metade do que desejo dizer. Aquele rosto, como é querido! Durante cinqüenta anos não senti gozo maior do que o gozo de voltar a casa. Quando estava ainda a setenta e cinco quilômetros de distância, já me sentia tão inquieto e desejoso de chegar que me levantava do assento para passear pelo carro até o trem chegar à estação... Se chegava depois de anoitecer, sempre olhava para ver a luz na janela da minha mãe. Senti-me tão feliz esta vez por chegar a tempo de ela ainda me reconhecer! Perguntei-lhe: -'Mãe, me conhece?' Ela respondeu: - 'Ora, se eu te conhe-ço!' Aqui está a sua Bíblia, assim gasta, porque é a Bíblia do lar; tudo que ela tinha de bom veio deste livro e foi dele que nos ensinou. Se minha mãe foi uma bênção para o mundo é porque bebia desta fonte. A luz da viúva brilhou do outeiro durante cinqüenta anos. Que Deus a abençoe, mãe; ainda a amamos! Adeus, por um pouco, mãe!"
Ao contemplar o êxito de Dwight L. Moody, somos constrangidos a acrescentar: - Quem pode calcular as possibilidades de um filho criado num lar onde os pais amam sinceramente ao Pai celestial a ponto de chamar diariamente todos os filhos para escutarem a sua voz na leitura da Bíblia e reverentemente clamarem a Ele em oração? Todos os filhos da viúva Moody assistiam aos cultos nos domingos; levavam merenda para passar o dia inteiro na igreja. Tinham de ouvir dois prolongados sermões e, no intervalo, assistir à Escola Dominical. Dwight, depois de trabalhar a semana inteira, achava que sua mãe exigia demais obrigando-o a assistir aos sermões, os quais não compreendia. Mas, por fim, chegou a ser agradecido a essa boa mãe pela dedicação nesse sentido.
Com a idade de dezessete anos, Moody saiu de casa para trabalhar na cidade de Boston, onde achou emprego na sapataria de um seu tio.
Continuou a assistir aos cultos, mas ainda não era salvo.
Notai bem, os que vos dedicais à obra de ganhar almas: não foi num culto que Dwight Moody foi levado ao Salvador. Seu professor da Escola Dominical, Eduardo Kimball, conta:
"Resolvi falar-lhe acerca de Cristo e de sua alma. Vacilei um pouco em entrar na sapataria, não queria embaraçar o moço durante as horas de serviço. Por fim, entrei, resolvido a falar sem mais demora. Achei Moody nos fundos da loja, embrulhando calçados. Aproximei-me logo dele e, colocando a mão sobre seu ombro, fiz o que depois parecia-me um apelo fraco, um convite para aceitar a Cristo. Não me lembro do que eu disse, nem mesmo Moody podia lembrar-se alguns anos depois. Simplesmente falei do amor de Cristo para com ele, e o amor que Cristo esperava dele, de volta. Parecia-me que o moço estava pronto para receber a luz que o iluminou naquele momento e, lá nos fundos da sapataria, entregou-se a Cristo."
Na história dos crentes, através dos séculos, não há crente que fosse, no zelo, menos remisso e, no espírito, mais fervoroso em servir ao Senhor, desde a conversão até o dia da morte, do que Moody de Northfield. Quantas vezes depois, o senhor Kimball dava graças a Deus por não ter sido desobediente à visão celestial; qual teria sido o resultado se não tivesse falado ao moço naquela manhã na sapataria?!Era costume das igrejas daquela época, alugarem os assentos. Moody, logo depois da sua conversão, transbordando de amor para com seu Salvador, pagou aluguel de um banco, percorrendo as ruas, hotéis e casas de pensão solici-tando homens e meninos para enchê-lo em todos os cultos. Depois alugou mais um, depois outro, até conseguir encher quatro bancos, todos os Domingos. Mas isso não era suficiente para satisfazer o amor que sentia para com os perdidos. Certo domingo visitou uma Escola Dominical em outra rua. Pediu permissão para ensinar também, uma classe. O dirigente respondeu: "Há doze professores e dezesseis alunos, porém o senhor pode ensinar todos os alunos que conseguir trazer à escola." Foi grande a surpresa de todos quando Moody, no domingo seguinte, entrou com dezoito meninos da rua, sem chapéu, descalços e de roupa suja e esfarrapada, mas, como ele disse: "Todos com uma alma para ser salva." Continuou a levar cada vez mais alunos à Escola até que, alguns domingos depois, no prédio não cabiam mais; então resolveu abrir outra escola em outra parte da cidade. Moody não ensinava, mas arranjava professores, providenciava o pagamento do aluguel e de outras despesas.
Em poucos meses essa Escola veio a ser a maior da cidade de Chicago. Não julgando conveniente pagar outros para trabalhar no Domingo, Moody, cedo, pela manhã, tirava as pipas de cerveja (outros ocupavam o prédio durante a semana), varria e preparava tudo para o funcionamento da escola. Depois, então, saía para convidar alunos. Às duas horas, quando voltava de fazer os convites, achava o prédio repleto de alunos.
Depois de findar a escola, ele visitava os ausentes e convidava todos para ouvirem a pregação, à noite. No apelo, após o sermão, todos os interessados eram convidados a ficar para um culto especial, no qual tratavam individualmente com todos. Moody também participava nessa colheita de almas.
Antes de findar o ano, 600 alunos, em média, assistiam à Escola Dominical, divididos em 80 classes. A seguir a assistência subiu a 10000 e, às vezes, a 1500.
O êxito de Moody na Escola Dominical atraiu a atenção de outros que se interessavam pelo mesmo trabalho.De vez em quando era convidado a participar nas grandes convenções das Escolas Dominicais. Certa vez, depois de Moody haver falado numa convenção, um orador censurou-o severamente por não saber dirigir-se a um auditório. Moody foi para a frente, e depois de explicar que reconhecia não ser instruído, agradeceu ao ministro por ter mostrado seus defeitos e pediu-lhe que orasse a Deus para que o ajudasse a fazer o melhor que pudesse.
Ao mesmo tempo que Moody se aplicava à Escola Dominical com tais resultados, esforçava-se, também, no comércio todos os dias. O grande alvo da sua vida era vir a ser um dos principais comerciantes do mundo, um multimilionário. Não tinha mais de 23 anos e já tinha ajuntado 7000 dólares! Mas seu Salvador tinha um plano ainda mais nobre para seu servo.
Certo dia, um dos professores da Escola Dominical entrou na sapataria onde Moody negociava. Informou-o de que estava tuberculoso e que, desenganado pelo médico, resolvera voltar para Nova Iorque e aguardar a morte. Confessou-se muito perturbado, não porque tinha de morrer, mas porque até então não conseguira levar ao Salvador nenhuma das moças da sua classe da Escola Dominical. Moody, profundamente comovido, sugeriu que visitassem juntos as moças em suas casas, uma por uma. Visitaram uma, o professor falou-lhe seriamente acerca da salvação da sua alma. A moça deixou seu espírito leviano e começou a chorar,
entregando-se ao seu Salvador. Todas as outras moças que foram visitadas naquele dia fizeram o mesmo.
Passados dez dias, o professor foi novamente à sapataria. Com grande gozo informou a Moody que todas as moças se haviam entregado a Cristo. Resolveram então convidar todas para um culto de oração e despedida na véspera da partida do professor para Nova Iorque. Todos se ajoelharam e Moody, depois de fazer uma oração, estava para se levantar quando uma das moças começou, também, a orar. Todos oraram suplicando a Deus em favor do professor. Ao sair Moody suplicou: "Ó Deus, permite-me morrer antes de perder a bênção que recebi hoje aqui!"Moody, mais tarde, confessou: "Eu não sabia o preço que tinha de pagar, como resultado de haver participado na evangelização individual das moças. Perdi todo jeito de negociar; não tinha mais interesse no comércio. Experimentara um outro mundo e não mais queria ganhar di-nheiro... Oh! delícia, a de levar uma alma das trevas deste mundo à gloriosa luz e liberdade do Evangelho!"
Então, não muito depois de casar-se, com a idade de vinte e quatro anos, Moody deixou um bom emprego com o salário de cinco mil dólares por ano, um salário fabuloso naquele tempo, para trabalhar todos os dias no serviço de Cristo, sem ter promessa de receber um único cêntimo. De-pois de tomar essa resolução, apressou-se em ir à firma B. F. Jacobs & Cia., onde, muito comovido, anunciou: - "Já resolvi empregar todo o meu tempo no serviço de Deus!" -"Como vai manter-se?" - "Ora, Deus me suprirá de tudo, se Ele quiser que eu continue; e continuarei até ser obrigado a desistir."
É muito interessante notar o que ele escreveu não muito depois, a seu irmão Samuel: "Caro irmão: As horas mais alegres que já experimentei na terra foram as que passei na obra da Escola Dominical. Samuel, arranja uma classe de moços perdidos leva-os à Escola Dominical e pede a Deus sabedoria, e instrui-os no caminho da vida eterna!" Ao mesmo tempo em que Moody descrevia a sua alegria, foi obrigado a deixar a pensão, a alimentar-se mais simplesmente e a dormir num dos bancos do salão.
Acerca de seu desprendimento pelo dinheiro, R. A. Tor-rey fez esta observação: "Ele (Moody) disse-me que, se tivesse aceitado lucros provenientes da venda dos hinários por ele publicados, eles somariam um milhão de dólares. Porém Moody recusou-se a tocar naquele dinheiro, embora por direito fosse seu... Numa certa cidade visitada por Moody nos
últimos dias de sua vida, estando eu em sua companhia, foi publicamente anunciado que ele não aceitaria qualquer recompensa por seus serviços. O fato era que ele quase não tinha outros meios de sustento senão aquilo que recebia nas suas conferências, todavia ele não comentou o anúncio feito, mas saiu daquela cidade sem receber um centavo sequer pelo seu árduo trabalho; e, parece-me, que foi ele mesmo quem pagou sua conta no hotel onde se hospedara."
A parte da biografia de D. L. Moody que trata dos primeiros anos do seu ministério está repleta de proezas feitas na carne. Mencionamos aqui apenas uma, isto é, o fato de Moody fazer 200 visitas em um só dia. Ele mesmo mais tarde se referia àqueles anos como uma manifestação do "zelo de Deus, mas sem entendimento", acrescentando: Há, contudo muito mais esperança para o homem com zelo e sem entendimento do que para o homem de entendimento sem zelo."
Rompeu a tremenda Guerra Civil e Moody chegou com os primeiros soldados ao acampamento militar onde armou uma grande tenda para os cultos. Depois ajuntou dinheiro e levantou um templo onde dirigiu 1500 cultos durante a guerra. Uma pessoa que o conhecia assim comentou sua ação: "Moody precisa estar constantemente em todos os lugares, dia e noite, nos domingos e todos os dias da semana; orando, exortando, tratando com os soldados acerca das suas almas, regozijando-se nas oportunidades abundantes de trabalhar no grande fruto ao seu alcance por causa da guerra."
Depois de findar a guerra, dirigiu uma campanha para levantar em Chicago um prédio para os cultos, com capacidade para três mil pessoas. Quando, mais tarde esse edifício foi destruído por um incêndio, ele e dois outros iniciaram outra campanha, antes de os escombros haverem esfriado, para levantar novo edifício. Trata-se do Farwell Hall II, que se tornou um grande centro religioso em Chicago. O segredo desse êxito foram os cultos de oração que se realizavam diariamente, ao meio-dia, precedidos por uma hora de oração de Moody, escondido no vão debaixo da escada.
No meio desses grandes esforços, Moody resolveu, ines-peradamente, fazer uma visita à Inglaterra.
Em Londres, antes de tudo, foi ouvir Spurgeon pregar no Metropolitan Tabernacle. Já tinha lido muito do que "o príncipe dos pregadores" escrevera, mas ali pôde verificar que a grande obra não era de Spurgeon,
mas de Deus, e saiu de lá com uma outra visão.
Visitou Jorge Müller e o orfanato em Bristol. Desde aquele tempo a Autobiografia de Müller exerceu tanta influência sobre ele como já o tinha feito "O Peregrino", de Bunyan.
Entretanto, nessa viagem, o que levou Moody a buscar definitivamente uma experiência mais profunda com Cristo, foram estas palavras proferidas por um grande ganhador de almas de Dubim, Henrique Varley: "O mundo ainda não viu o que Deus fará com, para, e pelo homem inteiramente a Ele entregue." Moody disse consigo mesmo: "Ele não disse por um grande homem, nem por um sábio, nem por um rico, nem por um eloqüente, nem por um inteligente, mas simplesmente por um homem. Eu sou um homem, e cabe ao homem mesmo resolver se deseja ou não consagrar-se assim. Estou resolvido a fazer todo o possível para ser esse homem." Apesar de tudo isso, Moody, depois de voltar à América, continuava a se esforçar e a empregar métodos naturais. Foi nessa época que a cidade de Chicago foi reduzida a cinzas no pavoroso incêndio de 1871.
Na noite do início do pavoroso incêndio, Moody pregou sobre este tema: - "Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo?" Ao concluir seu sermão, ele disse ao auditório, o maior a que pregara em Chicago: "Quero que leveis
(Extraído do livro Heróis da fé http://vozparaasnacoes.loja2.com.br/4125304-Herois-da-Fe)
quarta-feira, 27 de janeiro de 2016
Jônatas Goforth
Jônatas Goforth
"Não por força, nem por violência, mas por meu Espírito"
(1859-1936)
Certo dia, no ano de 1900, em Changte, no interior da China, passou um correio galopando à doida. Levava um despacho da imperatriz para o governador, ordenando que tomasse medidas para exterminar imediatamente todos os estrangeiros. Na horrenda carnificina que se seguiu, Jônatas Goforth, com sua esposa e filhinhos, foram cercados por milhares de Boxers, determinados a tirar-lhes a vida.
O pai da família, ao cair no chão com uma tremenda pancada que quase lhe partiu o crânio, ouviu uma voz dizer-lhe: "Não temas! Teus irmãos estão orando por ti." Antes de ficar inconsciente, viu chegar a galope um cavalo que ameaçava atropelá-lo. Ao voltar a si, viu que o cavalo caíra ao seu lado, esperneando de tal maneira que os seus atacantes foram obrigados a desistirem do propósito de matar o missionário. Assim ele reconheceu que a mão de Deus o guardava maravilhosa e constantemente durante o tempo do morticínio dos boxers, no qual centenas de crentes foram mortos. Jônatas Goforth e sua família, foram sal-vos de inumeráveis situações angustiosas entre o povo amotinado, até que, por fim, vinte dias depois, chegaram ao litoral do país.
Rosalind e Jônatas Goforth tinham as suas vidas escondidas com Cristo em Deus. Eis como viviam, nas suas próprias palavras: "Não é somente tolice aceitar para nós mesmos a glória que pertence a Deus, mas é grave pecado, porque o Senhor diz: 'A minha glória a outrem não darei'."
Quando ainda jovem, Jônatas Goforth adotou as palavras de Zacarias 4.6 como lema da sua vida: "Não por força nem por violência, mas por meu espírito, diz o Senhor dos Exércitos."
Alguém que o conhecia intimamente escreveu: "Antes de tudo, Jônatas Goforth era um ganhador de almas. Foi por essa razão que se tornou missionário para o estrangeiro; não havia outro interesse, outra atividade, outro ministério que o atraísse. Com o fogo do amor de Deus no coração, ele manifestava um entusiasmo irresistível e uma energia incansável. Nada podia impedir os esforços dinâmicos na obra, para a qual Deus o chamara. Era assim tanto aos setenta e sete anos como quando tinha cinqüenta e sete. Com a perda da vista durante os últimos três anos da sua vida, não diminuíram seus esforços - parece que au-mentaram."
Revela-se, nas suas próprias palavras, como foram lançados os alicerces da sua vida constantemente esforçada no serviço do Senhor: "Minha mãe, quando eu e meus irmãos éramos ainda crianças, com desvelo incessante, nos ensinava as Escrituras e orava conosco. Uma coisa que teve grande influência sobre a minha vida foi o fato de minha mãe me pedir que lesse os Salmos para ela em voz alta. Tinha apenas cinco anos, quando comecei a fazer esse exercício e achei a leitura fácil. Com a continuação, adquiri o costume de decorar as Escrituras, coisa que continuei a fazer com grande proveito".
Todos podemos testificar que é fácil fazer com que a leitura das Escrituras e a oração cheguem a uma monótona formalidade. Mas, ao contrário, o semblante de Jônatas Goforth se iluminava com o reflexo da glória das Escrituras que recebia na alma. Depois da sua morte, uma criada católica romana declarou: "Quando o senhor Goforth se hospedava na casa onde trabalho, eu mirava seu rosto e dizia a mim mesma: O rosto de Deus pode ser assim!"
Acerca da conversão de seu pai, Jônatas escreveu: "No tempo da minha conversão, morava com meu irmão Guilherme. Certa vez, nossos pais nos visitaram, passando conosco mais ou menos um mês. Fazia tempo que o Senhor me dirigira a fazer culto doméstico. Assim, certo dia, anunciei: Taremos o culto doméstico de hoje e peço que todos se reúnam depois do jantar'. Esperava que meu pai se manifestasse contrariamente, porque em casa não costumávamos dar graças antes das refeições, quanto mais fazer culto doméstico! Li um capítulo de Isaías e, depois de falar algumas palavras, oramos juntos, de joelhos. Continuamos a realizar os cultos domésticos durante o tempo que eu estava em casa. Depois de alguns meses meu pai foi salvo."
O jovem Goforth, no tempo de estudante no ginásio, visava a ser advogado, até que, certo dia, leu a inspiradora biografia do pregador Roberto McCheyne. Não somente se desvaneceram para sempre todas as suas visões de ambição, mas ele dedicou, também, a sua própria vida a levar almas ao Salvador. Nesse tempo, "devorou" os livros: "Os Discursos de Spurgeon"; "Os Melhores Sermões de Spurgeon"; "Graça Abundante" (Bunyan); e "O Descanso dos Santos" (Baxter). A Bíblia, contudo, era o seu livro predileto, e costumava levantar-se duas horas mais cedo para estudar as Escrituras, antes de se ocupar em qualquer outro serviço do dia.
Acerca da sua chamada, nesse tempo, ele escreveu: "Apesar de sentir-me dirigido ao ministério da Palavra, recusava terminantemente a ser missionário no estrangeiro. Mas um colega me convidou a assistir à reunião de um missionário, o qual fez o seguinte apelo: 'Faz dois anos que passo de cidade em cidade contando a situação de Formosa e rogando que algum jovem se ofereça para me auxiliar. Mas parece que não consegui transmitir a são a nenhum. Volto, então, sozinho. Dentro de pouco tempo meus ossos estarão enbranquecendo na encosta dum morro em Formosa. Quebranta-me o coração saber que nenhum moço se sente dirigido a continuar o trabalho que iniciei'.
"Ao ouvir essas palavras, senti-me vencido pela vergonha. Se o chão tivesse me engolido, teria sido um alívio. Eu, comprado com o precioso sangue de Cristo, ousava planejar a minha vida como eu mesmo queria. Ouvi a voz do Senhor dizer: 'A quem enviarei, e quem há de ir por nós?' E respondi: Eis-me aqui, envia-me a mim! Desde então sou missionário. Lia avidamente tudo que podia achar acerca de missões no estrangeiro e me esforçava por transmitir aos outros a visão que eu alcançara - a visão dos milhões da terra sem oportunidade de ouvirem um pregador".
Por fim chegou o tempo de iniciar seus estudos em Toronto. O primeiro domingo ele o passou trabalhando entre os prisioneiros, na prisão "Don", um costume que continuou durante todos os anos de estudos nessa cidade. Durante a semana, dedicava muito tempo a andar de casa em casa ganhando almas para Cristo. Quando o diretor do colégio onde estudava perguntou-lhe quantas casas visitara durante os meses de junho a agosto, ele respondeu: "Novecentas e sessenta."
Foi nesse tempo dos estudos que Jônatas Goforth se casou com Rosalind Bell-Smith. Acerca desse ato ela escreveu:
"Comecei, aos vinte anos de idade, a orar pedindo que, se o Senhor desejasse que eu me casasse, Ele me dirigisse um moço inteiramente dedicado a Ele e ao seu serviço... Certo domingo, achei-me em uma reunião de obreiros da Toronto Mission Union. Um pouco antes de começar a reunião, alguém à porta chamou Jônatas Goforth. Ele, ao le-vantar-se para ir lá fora, deixou a Bíblia na cadeira. Então eu fiz uma coisa que nunca pude explicar, nem para ela achei desculpas; senti-me impelida a ir à cadeira dele, apanhei a Bíblia, e voltei à minha cadeira. Ao folhear rapidamente o livro, achei-o quase gasto pelo uso, e marcado de capa a capa. Fechei-o, e sem demora, coloquei-o de novo na cadeira. Tudo isso aconteceu em um intervalo de poucos segundos. Ali, sentada no culto, eu disse a mim mesma: 'Esse é o moço com quem seria bom que eu me ca-sasse'.
"No mesmo dia fui apontada, juntamente com outras para abrir um ponto de pregação em outra parte de Toronto. Jônatas Goforth estava também entre o grupo. Durante as semanas que se seguiram, eu tive muitas oportunidades de ver a verdadeira grandeza da alma desse homem, a qual nem seu exterior desprezível podia esconder. Assim, quan-do ele me perguntou: - 'Queres unir a tua vida à minha para irmos à China?' Sem vacilar um só momento, respondi: - Quero! Mas, alguns dias depois, foi grande a minha surpresa quando ele me perguntou: - 'Prometes nunca me impedir de colocar o Senhor e a sua obra em primeiro lugar, mesmo antes de ti?' Era essa mesma a qualidade de moço que eu pedira, em oração, para que Deus mo desse como marido, e firmemente respondi: Prometo fazê-lo sempre! Oh! Como fora benigno o Mestre, ao esconder-me o que essa promessa significava!
"Poucos dias depois de eu haver prometido o que me pediu, veio a primeira prova. Eu sonhava, como mulher que era, com o bonito anel de casamento que ia receber. Foi então que Jônatas me disse: - 'Não te importas se eu te não comprar uma aliança?' A seguir explicou com grande entusiasmo, como se esforçava na distribuição de livros e folhetos sobre o trabalho na China. Queria economizar o mais possível para essa importante obra. Ao ouvi-lo, e depois de contemplar a luz no seu rosto, as visões de uma aliança bonita se desvaneceram: Era a minha primeira lição sobre os verdadeiros valores!"
Em 19 de janeiro de 1888, centenas de crentes se reuniram na estação em Toronto para se despedirem do casal Goforth que ia trabalhar na obra de Deus na China. Antes de sair o trem, todos baixaram a cabeça
em oração e, ao partir o trem, a grande multidão cantava: "Avante, solda-dos de Cristo!" E, uma vez fora da estação, os dois no trem rogaram a Deus que os guardasse para viverem eternamente dignos da grande confiança que esses irmãos depositaram neles.
Não muito depois de chegarem à China, Hudson Taylor lhes escreveu: "Faz dez anos que a nossa missão se esforça para entrar no Sul da província e somente agora é que o conseguimos..." Se a China Inland Mission, com missionários e auxiliares experientes na língua e nos costumes do povo sofre fracasso durante dez anos nessa província, como podia entrar ele, jovem inexperiente e sem conhecer a língua?! As palavras de Hudson Taylor, "avançar de joelhos", tornaram-se o lema da missão de Goforth para entrar no Norte de Honã.
Jônatas Goforth levou mais tempo a aprender a língua, do que seu companheiro que chegara um ano depois dele. Certo dia, ao sair para pregar, ele, em grande desespero, disse à sua esposa: "Se o Senhor não operar um milagre para eu aprender essa língua, serei um grande fracasso como missionário!" Duas horas depois voltou, dizendo: "Oh! Rosa! Que maravilha! Ao começar a pregar, as palavras e as frases tornaram-se tão fáceis que o povo me compreendeu bem." Dois meses depois receberam uma carta dos estudantes no colégio Knox, em Toronto, contando como em certo dia a certa hora eles se reuniram para orar por eles - "Somente pelos Goforth" - e ficaram convencidos de que eles foram abençoados por Deus, porque sentiram muito a presença e o poder de Deus na oração. Goforth, ao abrir seu diário, descobriu que foi no mesmo dia e hora que Deus lhe deu a habilidade de falar fluentemente. Alguns anos depois, certo patrício seu, que falava bem o chinês, disse-lhe acerca do seu estilo de falar: "Compreende-se a fala do senhor sobre uma área maior do que de qualquer outra pessoa que conheço."
Um missionário veterano assim aconselhou a Goforth: "Os chineses têm tantos preconceitos do nome de Jesus que deve esforçar-se para demolir os deuses falsos e só depois mencionar o nome de Jesus, se houver oportunidade." Ao contar isso à sua esposa, Goforth exclamou indignado: "Nunca! Nunca! NUNCA!" Em nenhum tempo ele se levantou para pregar sem a Bíblia aberta na mão.
Quando, alguns anos depois, os missionários novatos lhe perguntaram o segredo do fruto extraordinário do seu ministério, ele respondeu: "Deixo Deus falar às almas dos ouvintes por intermédio da sua
própria Palavra. Meu único segredo para tocar no coração dos mais vis pecadores é mostrar-lhes a sua necessidade e pregar-lhes o Salvador poderoso para os salvar... Esse era o segredo de Lutero, era o segredo de João Wesley e ninguém se aproveitou mais dele do que D. L. Moody". Para manejar a ''Espada do Espírito" com grande execução, Goforth a "afiava", estudando-a diariamente, sem falhar. Em vez de falar contra os ídolos, ele exaltava a Cristo crucificado. Isso atraía os pecadores para deixarem as suas vaidades.
Em 1896, ele escreveu: "Depois de chegar a Changté, há cinco meses, o poder do Espírito Santo se manifesta quase diariamente para nos alegrar. Durante esses meses, um total de mais de 25.000 homens e mulheres nos visitaram em casa, e todos ouviram a pregação do Evangelho. Pregamos, na média, oito horas por dia. Há, às vezes, mais de cinqüenta mulheres de uma vez no terraço. (Ele pregava aos homens, enquanto a sua esposa pregava às mulheres.) Quase todas as vezes que apresentamos Cristo como Redentor e Salvador, o Espírito Santo salva alguém e, às vezes, dez a vinte."
Contudo, não se deve pensar que esses missionários escaparam de grandes tribulações. Não muito depois de chegarem à China, um incêndio destruiu todas as suas possessões terrestres. O calor do verão era tão intenso que sua primogênita, Gertrude, faleceu e foi necessário levar o ca-dáver a uma distância de 75 quilômetros, a um lugar onde se permitia enterrar os estrangeiros. Quando faleceu outro filhinho, Donald, foi necessário fazer de novo a mesma longa viagem de 75 quilômetros com os restos mortais. Depois de passarem doze anos na China, novamente perderam tudo quanto tinham em casa, quando as águas de uma enchente subiram à altura de dois metros dentro da casa.
No ano 1900, logo após outra filha, Florença, morrer de meningite, veio a insurreição dos Boxers - acerca da qual já nos referimos. No levante dos Boxers, muitas centenas de missionários e crentes foram brutalmente mortos. Só a mão de Deus os guiou e os sustentou na fuga de Changté -uma viagem de 1.500 quilômetros, em tempo de intenso calor e de doença em um dos quatro filhos. Inúmeras vezes foram cercados pelas multidões que clamavam: "Matai-os! Matai-os!" Uma vez a multidão enfurecida arremessou pedras tão grandes que quebraram a espinha dos cavalos que puxavam a carroça, mas todas as pessoas do grupo escaparam! Goforth levou vários golpes de espada, um dos quais atingiu o osso do braço esquerdo, quando o ergueu para defender a cabeça. Apesar de o grosso
capacete, que tinha na cabeça, ficar quase inteiramente cortado em pe-daços, ele conseguiu manter-se em pé até que recebeu um golpe que, por pouco, não lhe partiu o crânio. Mas Deus não permitiu que a mão dos homens os destruíssem, porque ainda tinha uma grande obra para fazer na China por intermédio desses servos. Assim, sem poderem cuidar das feridas e com as roupas ensangüentadas, o grupo enfrentava as multidões furiosas, dia após dia, até alcançar Shanghai. De lá, a família embarcou em um navio para o Canadá.
Logo que diminuiu o perigo na China, os nossos incansáveis heróis estavam novamente ocupados no trabalho em Changté. A região foi dividida em três: a parte que caiu em sorte a Goforth foi o vasto território ao norte da cidade com inúmeras vilas e povoados.
O plano de Goforth era alugar uma casa em um centro importante, passar um mês evangelizando e, depois mudar-se para outro centro. Queria que a sua esposa pregasse no pátio da casa, de dia, enquanto ele e seus auxiliares pregavam nas ruas e nos povoados ao redor. À noite, faziam os cultos juntos, ela tocando o harmonium. No fim do mês, podiam deixar um dos auxiliares para ensinar os novos convertidos, enquanto o grupo passava para outro centro. Acerca desse plano a esposa de Goforth escreveu:
"De fato, o plano foi bem concebido, a não ser uma coisa: não se lembrou das crianças... Lembrei-me de como os meninos com varíola, em Hopei, me cercaram quando segurava a criança no colo. Lembrei-me das quatro covas de nossos pequeninos, e endureci o coração, como pederneira, contra o plano. Como meu marido suplicava dia após dia! 'Rosa, por certo o plano é de Deus e receio o que possa acontecer aos filhos se desobedecermos. O lugar mais seguro para ti e os filhos é no caminho da obediência. Pensas em guardar os filhos seguros em casa, mas Deus pode mostrar-te que não podes. Contudo, Ele guardará os filhos se obedeceres confiando nele!' Não muito depois, Wallace caiu doente de disenteria asiática e por quinze dias lutamos para salvar a criança; meu marido me disse: 'Oh! Rosa, cede a Deus, antes de perder tudo.' Mas parecia-me que Jônatas era duro e cruel. Então nossa filha Constância caiu enferma da mesma doença. Deus revelou-se a mim como um Pai em quem eu podia confiar para conservar os meus filhos. Baixei a cabeça e disse: 'Ó Deus, é tarde demais para a Constância, mas confio em ti, guarda os meus filhos. Irei aonde quer que me mandes.' Na tarde do dia em que a criança faleceu, mandei chamar a senhora Wang, uma crente fervorosa e amada e lhe disse:
'Não posso contar-lhe tudo agora, mas estou resolvida a acompanhar meu marido nas viagens de evangelização. Quer ir comigo?' Com lágrimas nos olhos, ela respondeu: 'Não posso, pois a menina pode adoecer sob tais condições.' Não querendo insistir, pedi que ela orasse e me respondesse depois. No dia seguinte ela voltou com os olhos cheios de lágrimas e, com um sorriso, disse: 'Irei com vocês'."
É coisa notável que não faleceu mais nenhum filho dos Goforth, na China, apesar dos muitos anos que passaram na vida nômade de evangelização. Goforth observou tão fielmente seu costume de levantar-se às 5 horas para oração e estudo das Escrituras, como quando estava em casa, em Chantgé. Geralmente, para o estudo tinha de ficar em pé diante da janela, com as costas viradas para a família. Acerca da obra em Chantgé, são de Goforth estas palavras: "Nos primeiros anos de meu trabalho na China, contentava-me com a
(Extraído do livro Heróis da fé http://vozparaasnacoes.loja2.com.br/4125304-Herois-da-Fe)
domingo, 24 de janeiro de 2016
Pastor Hsi Amado líder chinês
Pastor Hsi
Amado líder chinês
(1836-1896)
Acontecera "o impossível" e toda a população se condoía de tal "tragédia": o senhor Hsi, cidadão respeitado por todos, tornara-se crente! Fazia dois anos que um pregador da "nova religião" pregava na província de Shan-si. Enquanto se esperava que enredasse alguns dos mais igno-rantes, ninguém imaginava que o senhor Hsi, homem culto, de grande influência entre o povo e destacado adepto de Confúcio, seria o primeiro a ficar "enfeitiçado" pelos "diabos estrangeiros!"
Não havia entre o povo quem odiasse tanto os estrangeiros como o senhor Hsi. Mas, de repente, eis que ele estava ligado em espírito ao missionário. Abandonara todos os ídolos; dizia-se que os queimara! Deixara de adorar as tábuas ancestrais. Não havia mais o cheiro de incenso na sua casa. E o que era ainda mais estranho: o senhor Hsi desis-tira de fumar ópio!
Os velhos recordavam que Shan-si fora uma das províncias mais prósperas da China e contavam como fora introduzido o "fumo estrangeiro", isto é, o ópio. O vício se tornara tão generalizado que todo o povo estava reduzido à maior pobreza. Nem mesmo os mais velhos se recordavam de alguém, habituado a fumar ópio, que, no decorrer dos anos, se libertasse do vício. Contudo, o erudito Hsi abandonara, por completo, seu aparelho de fumar e parecia não sentir a ânsia que sentem os que são privados da droga entorpecente.
O tempo que passara outrora preparando e fumando o ópio, ele agora o empregava nas práticas, para eles estranhas, da nova religião. Dia e noite o recém-convertido se aplicava ao estudo dos "livros dos estrangeiros"; às vezes cantava de uma maneira singular e outras vezes de joelhos e, com os olhos fechados, falava ao "Deus dos estrangeiros", o Deus que ninguém via e que não tinha santuário para localizar-se.
Dia após dia a senhora Hsi notava a grande transformação da vida do marido e começou a abandonar o intenso ódio que sentiu quando ele se converteu. Ao acordar-se de noite, via-o absorto, lendo o precioso Livro dos livros, ou ajoelhado suplicando ao Deus invisível, que sentia estar presente. A persistência do homem em ajuntar todos os membros da família diariamente para os cultos estranhos, foi tal, que ganhou, também, sua esposa para Cristo.
Para o crente Hsi, Satanás era o temível adversário que realmente é, sempre incansável e constantemente espreitando para derrubar e destruir os crentes. Contudo, para ele o poder de Cristo era igualmente real e Hsi saía mais que vencedor em todas as dificuldades. Considerava a oração indispensável e não muito depois de se converter chegou a reconhecer o valor de jejuar para melhor orar.
Foi então que aconteceu a coisa menos esperada: a própria natureza da senhora Hsi parecia mudada. Ao converter-se, tornara-se profundamente alegre e recebia as lições das Escrituras avidamente. O marido esperava que breve ela se tornasse uma verdadeira companheira
na obra de ganhar almas. Mas, repentinamente, parecia pairar sobre ela uma nuvem do mal. Apesar de todos os esforços, sentia-se levada, contra a própria vontade, a praticar tudo quanto o Diabo sugerisse. Caía, especialmente na hora de culto doméstico, com ataques violentos de cólera.
O povo então dizia: "O Hsi e sua esposa estão ceifando o que semearam! É, como afirmamos desde o começo, uma doutrina do Diabo e agora a senhora Hsi está possuída de demônios."
Durante algum tempo o inimigo das almas parecia invencível. A senhora Hsi, apesar de todas as orações dos crentes, continuava a definhar, ficando quase sem forças.
Nesta altura, Hsi, confiando no poder de Deus, chamou todos os membros da família para jejuarem e dedicarem-se à oração. Depois de orarem três dias e três noites seguidas, em jejum, Hsi, sentindo-se fraco no físico, mas forte no espírito, pôs as mãos sobre a cabeça da esposa e ordenou, em nome de Jesus, que os espíritos imundos saíssem para nunca mais a atormentarem. A cura da senhora Hsi foi tão notável e completa que houve grande repercussão em toda a cidade. O povo reconhecera o poder dos demônios sobre o corpo e ali, diante dos olhos, estava agora a prova de um poder maior do que o do Diabo.
Mas foi o senhor Hsi, mais que qualquer outra pessoa, que se aproveitou dessa sensacional maravilha. Esforçou-se, desde então, de uma maneira nova, a proclamar o Evangelho e dedicou-se, com crescente fé em Cristo, a orar sob todas as circunstâncias.
Assim, de uma maneira simples e natural, Hsi confiava que o Senhor faria o que prometera em Marcos 16.17,18: "Estes sinais acompanharão aos que crerem: Em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes;e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados."
Em resposta à oração desse humilde crente, o Senhor cooperava com ele e confirmava a Palavra com sinais como em Samaria, Lida, e outros lugares nos tempos dos apóstolos. E, como os tempos antigos, homens e mulheres, ao verem o poder de Deus, convertiam-se ao Senhor.
Nunca antes houve alguém para contrariar a Satanás em toda a província de Shan-si; portanto não é de admirar que então ele se
enfurecesse. Isso também foi como nos tempos antigos.
A perseguição, entretanto, se tornou mais e mais severa até que, por fim, o povo planejou, ao tempo de uma grande festa pagã, passar cordas por cima dos caibros nos templos idólatras e pendurar todos os crentes pelas mãos até que se retratassem e negassem a fé na "religião dos estrangeiros".
Ora, Hsi era tão prático como espiritual e levou o caso ao conhecimento das autoridades. Era novato na fé e não conhecia bem trechos das Escrituras como estes: "Não resistais ao mal" e "Minha é a vingança, eu recompensarei, diz o Senhor". Fez tão grande alvoroço perante o mandarim que este, para se ver livre do homem, mandou soldados para defenderem os crentes.
A perseguição, por isso, fracassou; o povo, assombrado da "religião dos estrangeiros", submeteu-se; e grandes multidões afluíram aos cultos. Contudo, Hsi, com o passar do tempo, sentia-se descontente; os crentes não se desenvolviam como ele esperava. As pequenas igrejas, apesar de todos os seus esforços para alimentá-las, não cresciam e, com qualquer perturbação, grande número de crentes se desviava da fé.
O seguinte, que se encontra entre os seus próprios escritos, mostra como, nesse tempo, viu seu erro e se deu à oração:
"Por causa das investidas de Satanás, dormimos, eu e minha esposa, durante o espaço de três anos, com a roupa que vestíamos de dia, a fim de melhor podermos vigiar e orar. Às vezes, num lugar solitário, passávamos toda a noite orando e o Espírito Santo descia sobre nós... Sempre cuidávamos de pensar, falar e nos comportar de modo a agradar ao Senhor, mas então reconhecíamos como nunca, a nossa fraqueza; que de fato não éramos coisa alguma, e nos esforçávamos para saber a vontade de Deus."
Não há maior prova, talvez, de verdadeira conversão do que a influência sobre o próximo. Depois de Hsi procurar estar mais perto do Senhor, foi eleito chefe pelo povo do vilarejo onde morava, cargo que recusou de início porque não podia participar dos ritos no templo pagão. Mas esse fato foi previsto pelo povo, de modo que insistiram para que aceitasse a magistratura, com a condição de ficar desobrigado de quaisquer solenidades que diziam respeito aos deuses."É somente ele nos mandar e nós faremos", dizia a multidão. Porém quando Hsi recusou, a
não ser que o povo cessasse todas as cerimônias pagãs e fechasse o seu templo, todos voltaram para casa.
Grande foi, pois, a surpresa quando, alguns dias depois, o povo voltou e concordou em fechar o templo. O erudito Hsi era o único entre eles liberto do ópio e capacitado para chefiar o povo.
O fervoroso crente, então, assumiu o cargo, como um serviço a ser feito perante o Senhor; houve boa safra, bom êxito na parte financeira e prevaleceram a paz e o contentamento. Foi reeleito para o segundo ano e para o terceiro. Mas quando reeleito para o quarto ano, recusou o cargo, insistindo em dizer que devia entregar todo o seu tempo na obra de evangelização, obra que aumentara grandemente. Quando o povo o elogiava pela boa maneira como servia a todos, ele respondia, com um sorriso: "Agora os ídolos por certo já morreram de fome e seria mais econômico se os não ressuscitásseis."
Foi uma lição prática e que perdurou por muito tempo.
O grande problema que o Pastor Hsi tinha de enfrentar era o da salvação de um povo dado a fumar ópio. Devia haver um meio para libertar os infelizes escravos do desespero indescritível, porque o Filho de Deus veio com o alvo definido de procurar e salvar os perdidos.
Enquanto o Pastor Hsi orava sobre esse problema, foi dirigido a converter a sua casa em Abrigo e convidou para o ajudar um missionário que tinha um remédio para aliviar a ânsia dos viciados quando privados da droga. No início somente dois dos interessados tinham a coragem de experimentar o tratamento; os outros freqüentavam o Abrigo, dia após dia, para verem o resultado.
Por fim, um dos pacientes, agonizante de corpo e mente, acordou os outros à meia-noite. Em resposta à oração, o Senhor, que é o mesmo ontem, hoje e para sempre, o aliviou imediatamente. O gozo do homem que fora liberto era tanto, que um após outro dos mais interessados solicitaram permissão para começarem o tratamento imediatamente.
Nessa altura faltou-lhes o remédio importado que usavam para diminuir os sofrimentos dos enfermos. Acerca disso, assim escreveu o fervoroso Hsi: "Em oração e jejum permaneci perante o Senhor, rogando que me mostrasse quais os ingredientes necessários e me fortalecesse e ajudasse a preparar as pílulas para aliviar os que sofriam."
Para distrair os pacientes e aproveitar o ensejo, o missionário ensinava-lhes hinos e passagens da Bíblia; realizava cultos duas vezes por dia e fazia os interessados repetir, hora após hora, trechos das Escrituras. Quando lhes faltava outro recurso, recorriam às pílulas preparadas pelo pastor Hsi, as quais faziam o mesmo efeito do remédio importado. Contudo o fiel Hsi não confiava nas pílulas, nem as fabricava sem antes jejuar e orar. Costumava, ao fabricar as pílulas, passar o dia inteiro jejuando. Às vezes, de tarde, estando demasiadamente cansado para continuar de pé, saía para passar alguns minutos perante Deus. "Senhor é a tua obra. Dá-me a tua força", era o seu pedido e sempre voltava renovado como se tivesse comido e descansado.
Um dos segredos do incrível êxito do Pastor Hsi, na obra do Abrigo, era
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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
CHARLES Spurgeon - O príncipe dos pregadores
CHARLES Spurgeon
O príncipe dos pregadores
(1834-1892)
No período da Inquisição, na Espanha, sob o reinado do imperador
Carlos V, um número elevadíssimo de crentes foram queimados em praça pública ou enterrados vivos. O filho de Carlos V, Filipe II, em 1567, levou a perseguição aos Países Baixos, declarando que ainda que lhe custasse mil vezes a sua própria vida,limparia todo o seu domínio do "protestantismo". Antes da sua morte gabava-se ter mandado ao carrasco, pelo menos, 18.000 "hereges".
Ao começar esse reinado de terror nos Países Baixos, muitos milhares de crentes fugiram para a Inglaterra. Entre os que escaparam do "Concilio de Sangue", encontrava-se a família Spurgeon.
Na Inglaterra, o povo de Deus, contudo, não estava livre de toda a perseguição "passando a maior parte do tempo sentado, por se achar fraco demais para se deitar". Os bisavôs de Carlos eram crentes fervorosos, criando os filhos na admoestação do Senhor. Seu avô paterno, depois de quase cinqüenta anos de pastorado no mesmo lugar, podia dizer: "Não passei nem uma hora triste com a minha igreja depois que assumi o cargo de pastor!" O pai de Carlos, Tiago Spurgeon, era o amado pastor de Stambourne.
Carlos, quando ainda criança, interessava-se pela leitura de "O Peregrino", pela história dos mártires e por diversas obras de teologia. É impossível calcular a influência dessas obras sobre a sua vida.
Que era precoce nas coisas espirituais, vê-se no seguinte acontecimento: Apesar de criança de apenas cinco anos de idade, sentiu profundamente o cuidado do avô, por causa do procedimento de um dos membros da igreja, chamado "Velho Roads". Certo dia, Carlos, a criança, encontrando Roads em companhia de outros fumando e bebendo cerveja, dirigiu-se a ele, dizendo: "Que fazes aqui, Elias?" O "Velho Roads" arrependido, contou, então, ao seu pastor, como a princípio se irou com a criança, mas por fim ficou quebrantado. Desde aquele dia, o "Velho Roads" andou sempre perto do Salvador.
Quando Carlos era ainda pequeno, foi por Deus convencido do pecado. Durante alguns anos sentia-se uma criatura sem esperança e sem conforto; visitava um lugar de culto após outro, sem conseguir saber como podia livrar-se do pecado. Então, quando tinha quinze anos de idade, aumentou nele o desejo de ser salvo. E aumentou de tal forma, que passou seis meses agonizando em oração. Nesse tempo assistiu a um culto numa igreja; nesse dia, o pregador não fora ao culto, por causa duma grande tempestade de neve. Na falta do pastor, um sapateiro se levantou para
pregar às poucas pessoas presentes, e leu este texto: "Olhai para mim e sede salvos, todos os confins da terra" (Isaías 45.22). O sapateiro, inexperiente na arte de pregar, podia apenas repetir a passagem e dizer: "Olhai! Não vos é necessário levantar um pé, nem um dedo. Não vos é necessário estudar no colégio para saber olhar; nem contribuir com mil libras. Olhai para mim, não para vós mesmos. Não há conforto em vós. Olhai para mim, suando grandes gotas de sangue. Olhai para mim, pendurado na cruz. Olhai para mim, morto e sepultado. Olhai para mim, ressuscitado. Olhai para mim, à direita de Deus". Em seguida, fitando os olhos em Carlos, disse: "Moço, tu pareces ser miserável. Serás infeliz na vida e na morte se não obedeceres". Então gritou ainda mais: "Moço, olha para Jesus! Olha agora!" O rapaz olhou e continuou a olhar, até que por fim, um gozo indizível entrou na sua alma.
O recém-salvo, ao contemplar o constante zelo do Maligno, foi tomado pela aspiração de fazer todo o possível para receber o poder divino, para frustrar a obra do inimigo do bem. Spurgeon aproveitava todas as oportunidades para distribuir folhetos. Entregava-se de todo o coração a ensinar na Escola Dominical, onde alcançou, de início, o amor dos alunos e, por intermédio desses a presença dos pais na escola. Com a idade de dezesseis anos começou a pregar. Acerca desse fato ele disse: "Quantas vezes me foi concedido o privilégio de pregar na cozinha duma casa de agricultor, ou num celeiro!"
Alguns meses depois de pregar seu primeiro sermão, foi chamado a pastorear a igreja em Waterbeach. Ao fim de dois anos, essa igreja de quarenta membros, passou a ter cem. O jovem pregador desejava educar-se e o diretor duma escola superior, que estava de visita à cidade, marcou uma hora para tratar com ele acerca desse assunto. A criada, porém, que recebeu Carlos, por descuido, não chamou o professor e este saiu sem saber que o moço o esperava. Depois, Carlos, já na rua, um tanto triste, ouviu uma voz dizer-lhe: "Buscas grandes coisas para ti? Não as busques!" Foi então , ali mesmo que abandonou a idéia de estudar nesse colégio, convencido de que Deus o dirigia para outras coisas. Não se deve concluir, contudo, que Carlos Spurgeon resolveu não se educar. Depois disso, ele aproveitava todos os momentos livres para estudar. Diz-se que alcançou fama de ser um dos homens mais instruídos de seu tempo.
Spurgeon havia pregado em Waterbeach apenas durante dois anos quando foi chamado a pregar na Park Street Chapei, em Londres. O local era inconveniente para os cultos, e o templo, que tinha assentos para mil e
duzentos ouvintes, era demasiado grande para os auditórios. Contudo, "havia ali um grupo de fiéis que nunca cessaram de rogar a Deus um glorioso avivamento". Este fato é assim registrado nas palavras do próprio Spurgeon: "No início, eu pregava somente a um punhado de ouvintes. Contudo, não me esqueço da insistência das suas orações. Às vezes parecia que rogavam até verem realmente presente o Anjo do Concerto (Cristo), querendo abençoá-los. Mais que uma vez nos admiramos com a solenidade das orações até alcançarmos quietude, enquanto o poder do Senhor nos sobrevinha... Assim desceu a bênção, a casa se encheu de ouvintes e foram salvas dezenas de almas!"
Sob o ministério desse moço de dezenove anos, a concorrência aumentou em poucos meses a ponto de o prédio não mais comportar as multidões; centenas de ouvintes permaneciam na rua para aproveitar as migalhas que caíam do banquete que havia dentro da casa.
Foi resolvido reformar a New Park Street Chapei e, durante o tempo da obra, realizavam-se os cultos em Exeter Hall, prédio que tinha assentos para quatro mil e quinhentos ouvintes. Aí, em menos que dois meses, os auditórios eram tão grandes, que as ruas, durante os cultos, se tornavam intransitáveis.
Quando voltaram para a Chapei, o problema, em vez de ser resolvido, era maior; três mil pessoas ocupavam o espaço preparado para mil e quinhentas! O dinheiro gasto, que alcançou uma elevada quantia, fora desperdiçado! Tornou-se necessário voltar para o Exeter Hall.
Mas nem o Exeter Hall comportava mais os auditórios e a igreja tomou uma atitude espetacular - alugou o Surrey Music Hall, o prédio mais amplo, imponente e magnífico de Londres, construído para diversões públicas.
As notícias, de que os cultos passaram do Exeter Hall para Surrey Music Hall, eletrificaram toda a cidade de Londres. O culto inaugural foi anunciado para a noite de 19 de outubro de 1856. Na tarde do dia marcado, milhares de pessoas para lá se dirigiram para achar assento. Quando, por fim, o culto começou, o prédio no qual cabiam 12.000 pessoas, estava superlotado e havia mais 10.000 fora que não puderam entrar.
No primeiro culto em Surrey Music Hall, notaram-se vestígios da perseguição que Spurgeon tinha de encarar.Ele estava orando, e depois da
leitura das Escrituras, os inimigos da obra de Deus se levantaram, gritando: 'Togo! Fogo!" Apesar de todos os esforços de Spurgeon e de outros crentes, a grande massa de gente alvoroçou-se e movimentou-se em pânico, de tal modo que sete pessoas morreram e vinte e oito ficaram gravemente feridas. Depois que tudo serenou, acharam-se espalhados em toda a parte do prédio, roupas de homens e senhoras; chapéus, mangas de vestidos, sapatos, pernas de calças, mangas e paletós, xales, etc., objetos esses que os milhares de pessoas aflitas deixaram, na luta para escapar do prédio. Spurgeon comportou-se com a maior calma durante todo o tempo da indescritível catástrofe, mas depois passou dias prostrado, sofrendo em conseqüência do tremendo choque.
As notícias sobre as trágicas ocorrências durante o primeiro culto em Surrey Music Hall, em vez de prejudicarem a obra, concorreram para aumentar o interesse pelos cultos. De um dia para outro Spurgeon, o herói do Sul de Londres, tornou-se um vulto de projeção mundial. Aceitou convites para pregar em cidades da Inglaterra, Escócia, Irlanda, Gales, Holanda e França. Pregava ao ar livre e nos maiores
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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
Hudson Taylor - O pai das missões no interior da China
Hudson Taylor
O pai das missões no interior da China
(1832-1905)
Tiago Taylor tinha-se levantado cedo de madrugada. Chegara por fim o auspicioso e anunciado dia de seu casamento; o moço ocupava-se em arrumar tudo para receber a noiva na casa que iam ocupar. Enquanto trabalhava, estava meditando sobre as ocorrências recentes na aldeola.
Duas famílias, a dos Cooper e a dos Shaw, converteram-se e convidaram João Wesley a pregar na feira. O velho discursou sobre "a ira vindoura" de tal maneira, que o povo desistiu da amarga perseguição, deixando o intrépido pregador hospedar-se na casa do senhor Shaw.
Enquanto Tiago preparava a casa para a chegada da noiva, ouvia-se a voz da vizinha, a senhora Shaw, cantando. Lembrou-se de como ela, meses antes, passava todo o tempo acamada, gemendo dia após dia por
causa do reumatismo que a deixara aleijada. Mas quando "confiou no Senhor", como disse, para a cura imediata, grande foi a transformação. E indizível foi a surpresa do marido ao voltar a casa: a esposa não somente estava curada e de pé, mas estava varrendo a cozinha!Tiago Taylor odiava a religião. Ainda mais: esse era o dia em que se ia casar. Depois do casamento iam dançar e beber como se fazia em tais ocasiões. Mas não podia livrar-se das palavras, talvez ouvidas do sermão do pregador: "Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor."
Sim, ia ter uma esposa e assumir as responsabilidades de marido e de pai de família. Grande tinha sido seu descuido. Resolvido, então, a entrar seriamente na vida de casado, começou a repetir as palavras: "Serviremos ao Senhor!"
As horas se passavam. O sol subia mais e mais sobre as casas cobertas de neve. Mas o jovem Tiago, esquecido de tudo que é material, e tomado pela realidade das coisas eternas, permaneceu de joelhos, face a face com Deus. O amor do Salvador, por fim, venceu o seu coração e Tiago Taylor levantou-se com a alma cheia do Senhor Jesus.
Podemos imaginar como os sinos dobraram, como a noiva e os convivas se impacientaram, nesse dia. Já havia passado a hora para o culto de casamento quando o jovem despertou do enlevo com Deus e se levantou da oração. Depois de vestir-se, venceu rapidamente os três quilômetros até o vilarejo de Royston.
Sem perderem tempo em perguntar ao rapaz a razão de tanto atraso, realizou-se o culto, e Tiago e Elisabete saíram da igreja, casados. O jovem não vacilou, mas ao sair contou tudo acerca da sua conversão, ao ouvido de Bete. Ao ouvir o que ele relatava, ela exclamou em tom de desespero: "Casei-me, então, com um desses metodistas!"
Não houve dança nesse dia; a voz e o violino do noivo foram usados para glorificar o Mestre. Bete, apesar de saber em seu coração que Tiago tinha razão, continuou a resistir e a queixar-se dia após dia. Então, certo dia, quando se mostrava ainda mais contrariada, o robusto Tiago le-vantou-a nos braços e a levou para o quarto, onde se ajoelhou ao seu lado, derramando a sua alma em oração por ela. Comovida pela profundeza da mágoa e cuidado que Tiago sentia por sua alma, ela começou a sentir também seu pecado e, no dia seguinte, de joelhos, ao lado do marido, Elisabete Taylor clamou a Deus, renunciando a vaidade do mundo e entregando-se a Cristo.É, assim, com os bisavós, que começa a verdadeira
biografia do herói da fé, Hudson Taylor. Os avós e os pais, na mesma ordem, criaram seus filhos no mesmo temor de Deus.
Num memorável dia, antes do nascimento de Hudson, o primogênito da família, o pai procurou a sua esposa para conversar sobre uma passagem das Escrituras que o impressionava profundamente. Na sua Bíblia leu para ela uma parte dos capítulos 13 de Êxodo e 3 de Números: "Santifica-me todo o primogênito... Todo o primogênito meu é... Meus serão... Apartarás para o Senhor..."
Os dois conversaram muito tempo sobre o gozo que esperavam ter. Então, de joelhos, entregaram seu primogênito ao Senhor, pedindo que desde já ele o separasse para a sua obra.
Tiago Taylor, o pai de Hudson, não somente orava fervorosamente por seus cinco filhos, mas ensinou-os a pedirem detalhadamente a Deus todas as coisas. Ajoelhados, diariamente, ao lado da cama, o pai colocava o braço ao redor de cada um enquanto orava insistentemente por ele. Desejava que cada membro da família passasse, também, ao menos meia hora, todos os dias, perante Deus, renovando a alma por meio de oração e estudo das Escrituras.
A porta fechada do quarto da sua mãe, diariamente ao meio-dia, apesar das suas constantes e inumeráveis obrigações, tinha também grande influência sobre todos, pois sabiam que ela, assim, se prostrava perante Deus para renovar suas forças e para que o próximo se sentisse atraído ao Amigo invisível que habitava nela.
Não é de admirar, portanto, que, ao crescer, Hudson se consagrasse inteiramente a Deus. O grande segredo do seu incrível êxito é que em tudo que carecia, no sentido espiritual ou material, recorria a Deus e recebia dos tesouros infinitos.
Contudo, não devemos julgar que a mocidade de Hudson Taylor fosse isenta de grandes lutas. Como acontece com muitos, o moço chegou à idade de dezessete anos sem reconhecer Cristo como seu Salvador. Acerca disso ele escreveu mais tarde:"Pode ser coisa estranha, mas sou grato pelo tempo que passei no ceticismo. O absurdo de crentes que professam crer na Bíblia enquanto se comportam justamente como se não existisse tal livro, era um dos maiores argumentos dos meus companheiros céticos. Freqüentemente afirmava que, se eu aceitasse a Bíblia, ao menos faria tudo para seguir o que ela ensina e no caso de achar
que tal coisa não era prática, lançaria tudo fora. Foi essa a minha resolução quando o Senhor me salvou. Acho que desde então realmente provei a Palavra de Deus. Certamente nunca me arrependi de confiar nas suas promessas ou de seguir a sua direção.
"Quero relatar então como Deus respondeu às orações da minha mãe e da minha querida irmã, por minha conversão:
"Certo dia, para mim inesquecível,... para me divertir, escolhi um tratado na biblioteca de meu pai. Pensei em ler o começo da história e não ler a exortação do fim.
"Eu não sabia o que acontecia ao mesmo tempo no coração da minha querida mãe, que estava a mais de cem quilômetros de casa. Ela levantara-se da mesa anelando a salvação de seu filho. Estando longe da família e livre da lida doméstica, entrou no seu quarto, resolvida a não sair antes de receber a resposta às suas orações. Orou hora após hora, até que, por fim, só podia louvar a Deus: o Espírito Santo revelou-lhe que o filho por quem orava já se havia convertido.
"Eu, como já mencionei, fui dirigido ao mesmo tempo a ler o tratado. Fui atraído pelas palavras: A obra consumada. Perguntei-me a mim mesmo: "Por. que o escritor não escreveu: A obra propiciatória? Qual é a obra consumada?" Então vi que a propiciação de Cristo era plena e per-feita. Toda a dívida de nossos pecados ficou paga e não restava coisa alguma que eu fizesse. Então raiou em mim a gloriosa convicção; fui iluminado pelo Espírito Santo, para reconhecer que eu somente precisava de prostrar-me e, aceitando o Salvador e a sua salvação, louvá-lo para todo o sempre.
"Assim, enquanto a minha querida mãe, no seu quarto, de joelhos, estava louvando a Deus, eu também louvava a Deus na biblioteca de meu pai, onde entrara para ler o livrinho."
Foi assim que Hudson Taylor aceitou, para a sua própria vida, a obra propiciatória de Cristo, um ato que transformou todo o resto da sua vida. Acerca da sua consagração, ele escreveu:
"Lembro-me bem da ocasião, quando, com gozo no coração, derramei a alma perante Deus, repentinamente, confessando-me grato e cheio de amor porque Ele tinha feito tudo - salvando-me quando eu não tinha mais esperança, nem queria a salvação. Supliquei-lhe que me conce-desse uma obra para fazer, como expressão do meu amor e gratidão, algo
que envolvesse abnegação, fosse o que fosse; algo para agradar a quem fizera tanto para mim. Lembro-me de como, sem reserva, consagrei tudo, colocando a minha própria pessoa, a minha vida, os amigos, tudo sobre o altar. Com a certeza de que a oferta fora aceita, a presença de Deus se tornou verdadeiramente real e preciosa. Prostrei-me em terra perante Ele, humilhado e cheio de indizível gozo. Para que serviço fora aceito eu não sabia. Mas fui possuído de uma certeza tão profunda de não pertencer mais a mim mesmo, que esse entendimento, depois dominou toda a minha vida".
O moço que entrou no quarto para estar sozinho com Deus nesse dia, não era o mesmo quando dali saiu. Um alvo e um poder se apossaram dele. Não mais ficou satisfeito em somente alimentar a sua própria alma nos cultos; começou a sentir a sua responsabilidade para com o próximo - anelava tratar dos negócios de seu Pai. Regozijava-se com riquezas e bênçãos indizíveis. E, como os leprosos no arraial dos siros, Hudson e sua irmã, Amélia, diziam: Não fazemos bem; este dia é de boas novas, e nos calamos. De-sistiram, pois, de assistir aos cultos aos domingos à noite e saíram para anunciar a mensagem, de casa em casa, entre as classes mais pobres da cidade. Mas Hudson Taylor não se sentia satisfeito; sabia que ainda não estava no centro da vontade de Deus. Na angústia de seu espírito, como aquele da antiguidade, clamou: Não te deixarei ir, se me não abençoares. Então, sozinho e de joelhos, surgiu na sua alma um grande propósito: se Deus rompesse o poder do pecado e o salvasse em espírito, alma e corpo para toda a eternidade, ele renunciaria tudo na terra para ficar sempre ao seu dispor. Acerca desta experiência, foi ele mesmo que se expressou:
"Nunca me esquecerei do que senti então; não há palavras para descrever. Senti-me na presença de Deus, entrando numa aliança com o Todo-poderoso. Pareceu-me que ouvi enunciadas as palavras: Tua oração é ouvida; todas condições são aceitas.' Desde então nunca duvidei da convicção de que Deus me chamava a trabalhar na China."
A chamada de Deus, apesar de Hudson Taylor quase nunca a mencionar, ardia como um fogo dentro do seu coração. Copiamos a seguir o seguinte trecho de uma das cartas enviada a sua irmã:
"Imagina, centenas de milhões de almas sem Deus, sem esperança, na China! Parece incrível; milhões de pessoas morrem dentro de um ano sem qualquer conforto do Evangelho!... Quase ninguém liga importância à China, onde habita cerca da quarta parte da raça humana... Ora por mim,
querida Amélia, pedindo ao Senhor que me dê mais da mente de Cristo... Eu oro no armazém, na estrebaria, em qualquer canto onde posso estar sozinho com Deus. E ele me concede tempos gloriosos... Não é justo esperar que V... (a noiva de Hudson) vá comigo para morrer no es-trangeiro. Sinto profundamente deixá-la, mas meu Pai sabe qual é a melhor coisa e não me negará coisa alguma que seja boa..."
A falta de espaço não permite relatarmos aqui o heroísmo da fé que o jovem mostrou suportando os sacrifícios e as privações necessárias para cursar a escola de medicina e de cirurgia para melhor servir o povo da China.
Antes de embarcar, escreveu estas palavras à sua mãe: "Anelo estar aí uma vez mais e sei que a senhora quer verme, mas acho melhor não nos abraçarmos um ao outro mais, pois isso seria encontrarmo-nos para logo nos separarmos para todo o sempre..." Contudo a sua mãe foi ao porto de onde o navio se ia fazer à vela. Alguns anos depois ele assim registrou a partida:"A minha querida mãe, que agora está com Cristo, veio a Liverpool para despedir-se de mim. Nunca me esquecerei de como ela entrou comigo no camarote em que eu ia morar quase seis longos meses. Com o carinho de mãe, endireitou os cobertores da pequena cama. Assentou-se ao meu lado e cantamos o último hino antes de nos separar-mos um do outro. Ajoelhamo-nos e ela orou. Foi a última oração de minha mãe antes de eu partir para a China. Ouviu-se então o sinal para que todos os que não eram passageiros saíssem do navio. Despedimo-nos um do outro, sem a esperança de nos encontrarmos outra vez... Ao passar o navio pelas comportas, e quando a separação começou a ser realidade, do seu coração saiu um grito de angústia tão comovente, que jamais esquecerei. Foi como que meu coração fosse traspassado por uma faca. Nunca reconheci tão plenamente até então, o que significam as palavras: Pois assim amou Deus ao mundo. Estou certo de que a minha preciosa mãe, nessa ocasião, chegou a compreender mais do amor de Deus para com um mundo que perece do que em qualquer outro tempo da sua vida. Oh! como se entristece o coração de Deus ao ver como seus filhos fecham os ouvidos à chamada divina para salvar o mundo pelo qual seu amado, seu único Filho sofreu e morreu!"
Os passageiros de navios modernos conhecem muito pouco do incômodo de viajar em navio à vela. Depois de uma das muitas tempestades por que passou o "Dumfries", o nosso herói escreveu: "A maior parte do que possuo está molhado. O camarote do comissário,
coitado, inundou-se..." Somente pelas orações e grandes esforços de todos a bordo é que conseguiram salvar as próprias vidas quando o navio, levado por grande temporal, estava prestes a naufragar nas pedras da praia de Gales. A viagem que esperavam realizar em quarenta dias levou cinco meses e meio! Somente em 1 de março de 1854, Hudson Taylor, com a idade de vinte e um anos, conseguiu desembarcar em Shanghai, quando então ele escreveu estas impressões:
"Não posso descrever o que senti ao pisar em terra. Parecia-me que o coração ia estourar; as lágrimas de gratidão e gozo corriam-me pelas faces."Sobreveio-lhe, então, uma grande onda de saudade; não havia amigos, nem conhecidos, nem qualquer pessoa em todo o país para saudá-lo bem-vindo nem mesmo alguém que conhecesse o seu nome.
Nesse tempo a China era terra incógnita, a não ser os cinco portos no litoral, abertos à residência de estrangeiros. Foi na casa de um missionário em Shanghai, um dos cinco portos, que o moço achou hospedagem.
A vitória em todas as variadas provações nesse tempo era devida à característica mais saliente de Hudson Taylor, talvez a de nunca ficar parado na sua obra, fosse qual fosse o contratempo.
Durante os primeiros três meses na China, distribuiu 1.800 Novos Testamentos e Evangelhos e mais de 2 mil livros. Durante o ano de 1855, fez oito viagens - uma de trezentos quilômetros, subindo o rio Yangtzé. Em outra viagem visitou cinqüenta e uma cidades onde nunca antes se ouvira a mensagem do Evangelho. Nessas viagens foi sempre prevenido do perigo que corria a sua vida entre um povo que nunca tinha visto estrangeiros.
Para ganhar mais almas para Cristo, apesar da censura dos demais missionários, adotou o hábito de vestir-se como os chineses. Rapou a cabeça na frente, deixando o resto dos cabelos a formar trança comprida. A calça, que tinha mais de meio metro de folga, ele a segurava conforme o costume, com um cinto. As meias eram de chita branca, o calçado de cetim. O manto pendendo dos ombros, sobressaía-lhe a ponta dos dedos das mãos mais que setenta centímetros.
Mas uma das cruzes mais pesadas que o nosso herói teve de levar foi a falta de dinheiro, quando a missão que o enviara se achava sem recursos.
Em 20 de janeiro de 1858, Hudson Taylor casou-se com Maria Dyer, uma missionária de talento na China. Desse enlace nasceram cinco filhos. A casa em que moraram primeiro, na cidade de Ningpo, tornou-se depois o berço da famosa Missão do Interior da China.
As privações e os encargos de serviço em Shanghai, Ningpo e outros lugares eram tais que Hudson Taylor, antes de completar seis anos na China, foi obrigado a voltar à Inglaterra para recuperar a saúde. Foi para ele quase como que uma sentença de morte quando os médicos informaram-lhe de que nunca mais devia voltar à China.
Entretanto, o fato de perecerem mais de um milhão de almas todos os meses na China era uma realidade para Hudson Taylor; com seu espírito indômito, ao chegar à Inglaterra, iniciou imediatamente a tarefa de preparar um hinário e a revisão do Novo Testamento para os novos convertidos que deixara na China. Usando ainda o traje de chinês, trabalhava tendo o mapa da China na parede e a Bíblia sempre aberta sobre a mesa. Depois de alimentar-se e fartar-se da Palavra de Deus, fitava o mapa, lembrando-se dos que não tinham tais riquezas. Todos os problemas ele os levava a Deus; não havia coisa alguma demasiado grande, nem tão insignificante, que a não deixasse com o Senhor em oração.
Em razão de suas atividades, estava tão sobrecarregado de correspondência e nos trabalhos dos cultos em prol da China, que após a sua chegada passaram-se mais de vinte dias antes de conseguir abraçar seus queridos pais em Bransley.
Passava, às vezes, a manhã, outras vezes a tarde, em jejum e oração. O seguinte trecho que ele escreveu mostra como a sua alma continuou a arder nos seus discursos nas igrejas da Inglaterra, sobre a obra missionária.
"Havia a bordo, entre os companheiros de viagem, certo chinês que se chamava Pedro. Passara alguns anos na Inglaterra, mas, apesar de conhecer algo do Evangelho, não reconhecia coisa alguma do seu poder para salvar. Senti-me ligado a ele e esforcei-me em orar e falar para levá-lo a Cristo. Mas quando o navio se aproximava de Sung-Kiang e eu me preparava para ir a terra, pregar e distribuir tratados, ouvi o grito de um homem que caíra na água. Fui ao convés com os outros - Pedro tinha desaparecido.
"Imediatamente arriamos as velas, mas a correnteza da maré era tal
que não tínhamos a certeza do lugar onde o homem caíra. Vi alguns pescadores próximos, que usavam uma rede varredoura. Angustiado clamei:
- Venham passar a rede aqui, pois um homem está morrendo afogado!- Veh bin, foi a resposta inesperada, isto é, "Não é conveniente".
- Não falem se é ou não é conveniente. Venham depressa antes que o homem pereça.
- Estamos pescando.
- Eu sei! Mas venham imediatamente e pagarei bem.
- Quanto nos quer dar?
- Cinco dólares, mas não fiquem conversando. Salvem o homem sem demora!
- Cinco dólares não basta - responderam eles. Não o faremos por menos de trinta dólares.
- Mas não tenho tanto! - darei tudo que eu tenho.
- Quanto tem o senhor?
- Não sei - porém não é mais do que catorze dólares. "Então os pescadores vieram, passaram a rede no lugar
indicado. Logo à primeira vez apanharam o corpo do homem. Mas todos os meus esforços para restaurar-lhe a respiração foram inúteis. Uma vida fora sacrificada pela indiferença dos que podiam salvá-la quase sem esforço."
Ao ouvirem contar esta história, uma onda de indignação passou por todo o grande auditório. Haveria em todo o mundo um povo tão endurecido e interesseiro como esse! Mas ao continuar o seu discurso, a convicção feriu ainda mais o coração dos ouvintes.
- "O corpo então tem mais valor que a alma? Censuramos esses pescadores, dizendo que foram culpados da morte de Pedro, porque era coisa fácil salvá-lo. - Mas que acontece com os milhões que estamos deixando perecer para toda a eternidade? Que diremos acerca da ordem implícita: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura? Deus nos diz também: 'Livra os que estão destinados à morte, e os que são levados para a matança, se os puderes retirar. Se disseres: eis que não o sabemos;
porventura aquele que pondera os corações não o considerará? e aquele que atenta a tua alma não o saberá? não pagará ele ao homem conforme a sua obra?'
- "Credes que cada pessoa entre esses milhões da China, tem uma alma imortal e que não há outro nome debaixo do céu, dado entre os homens a não ser o precioso nome de Jesus, pelo qual devamos ser salvos? - Credes que Ele,Ele só, é o Caminho, a Verdade e a Vida e que ninguém vai ao Pai senão por Ele? Se assim o credes, examinai-vos a vós mesmos para ver se estais fazendo todo o possível para levar seu nome a todos.
"Ninguém deve dizer que não é chamado para ir à China. Ao enfrentar tais fatos, todas as pessoas precisam saber se têm uma chamada para ficarem em casa. Amigo, se não tens certeza de uma chamada para continuar onde estás, como podes desobedecer à clara ordem do Salvador, para ir? - Se estás certo, contudo, de estares no lugar onde Cristo quer, não por causa do conforto ou dos cuidados da vida, então estás tu orando como convém a favor dos milhões de perdidos da China? Estás tu usando teus recursos para
(Extraído do livro Heróis da fé http://vozparaasnacoes.loja2.com.br/4125304-Herois-da-Fe)
João Paton
Missionário aos antropófagos
(1824-1907)
Perto de Dalswinton, na Escócia, morava um casal conhecido em toda a região como os velhos Adão e Eva. A esse lar veio em visita uma sobrinha, Janete Rogerson. É de supor-se que não houvesse muita coisa na casa isolada dos velhos para distrair a jovem, sempre viva e alegre. Mas uma coisa atraiu-lhe o interesse: um rapaz chamado Tiago Paton, que entrava, dia após dia, no matagal perto da casa. Levava sempre um livro na mão, como se fosse ali para estudar e meditar. Certo dia, a moça, vencida pela curiosidade, entrou furtivamente por entre as árvores e espiou o rapaz recitando os Sonetos Evangélicos de Erskine. A sua curiosidade tornou-se em santa admiração quando o jovem, deixando o chapéu no chão, ajoelhou-se debaixo duma árvore para derramar a alma em oração perante Deus. Ela, espírito de brincalhona, avançou e pendurou o chapéu em um galho que estava próximo. Em seguida escondeu-se onde podia, sem ser vista, para presenciar o rapaz perplexo, a procurar o chapéu. No dia seguinte a cena se repetiu. Mas o coração da moça comoveu-se ao ver a perturbação do rapaz, imóvel por alguns minutos com o chapéu na mão. Foi assim que ele, ao voltar no dia seguinte ao lugar onde se ajoelhava diariamente, achou um cartão preso na árvore. No cartão leu: "A pessoa que escondeu seu chapéu confessa-se sinceramente arrependida de tê-lo feito e pede que ore, rogando a Deus que a torne crente tão sincera como o senhor".
O jovem fitou por algum tempo o cartão esquecendo-se completamente naquele dia dos sonetos. Por fim, tirou o cartão da árvore. Estava reprovando a si mesmo e à sua estupidez por não saber que fora um ser humano quem escondera o chapéu duas vezes, quando, por entre as árvores, uma moça, balde na mão e cantando um hino escocês, passou na frente da casa do velho Adão.
Naquele momento, o moço, por instinto divino e tão infalivelmente, como por qualquer voz que jamais falara a um profeta de Deus, sabia que a visita angélica que invadira seu retiro de oração fora a gentil e hábil sobrinha dos velhos Adão e Eva. Tiago Paton ainda não conhecia Janete
Rogerson, mas ouvira falar nas suas extraordinárias qualificações intelectuais e espirituais.
E provável que Tiago Paton começasse a orar por ela -em um sentido diferente daquele que ela pedira. De qualquer forma, a moça furtara não somente o chapéu do rapaz, mas também, o seu leal coração - um furto que resultou, por fim, no casamento dos dois.
Tiago Paton, fabricante de meias no condado de Dunfries, e sua esposa Janete, andavam, como Zacarias e Isabel na Antiguidade, irrepreensíveis perante o Senhor. Ao nascer-lhes o primogênito, deram-lhe o nome de João, dedicando-o solenemente a Deus, com oração, para ser missionário ao povos que não tinham oportunidade de conhecer a Cristo.
Entre a casa própria, em que morava a família dos Patons, e a parte que servia de fábrica, havia um pequeno aposento. Acerca desse quarto, João Paton escreveu:
"Era o santuário de nossa humilde casa. Várias vezes ao dia, geralmente depois das refeições, o nosso pai entrava nesse quarto e, 'fechada a porta', orava. Nós, seus filhos, compreendíamos, como se fosse por instinto espiritual, que se derramavam orações por nós, como fazia na antiguidade o sumo sacerdote, quando entrava no Santo dos Santos, em favor do povo. De vez em quando se ouvia o eco duma voz em tons de quem suplica pela vida; passávamos pela porta nas pontinhas dos pés, de modo a não perturbar a santa e íntima conversação. O mundo lá fora não sabia de onde vinha o gozo que brilhava no rosto de nosso pai, mas nós, seus filhos, o sabíamos: era o reflexo da presença divina, que era sempre uma realidade para ele na vida cotidiana. Nunca espero, quer num templo, quer nas serras, quer nos vales, sentir Deus mais perto, mais visível, andando e conversando mais intimamente com os homens do que naquela humilde casa coberta de palha. Se, por uma catástrofe indizível, tudo quanto pertence à religião fosse apagado da memória, minha alma reverteria de novo ao tempo da minha mocidade: ela fechar-se-ia naquele santuário e, ao ouvir novamente os ecos daquelas súplicas a Deus, lançaria para longe toda a dúvida com este grito vitorioso: 'Meu pai andava com Deus; porque não posso eu também andar?'".
Na autobiografia de João Paton, vê-se que as suas lutas diárias eram grandes. Mas o que lemos abaixo revela qual a força que operava para que ele sempre avançasse na obra de Deus.
"Antes, realizava-se culto doméstico na casa de meus avós somente aos domingos, mas meu pai convenceu primeiro a minha avó a orar, ler um trecho da Bíblia e cantar um hino diariamente, pela manhã e à noite; depois todos os membros da família seguiram esse costume. Foi assim que meu pai começou, aos dezessete anos de idade, o bendito costume de fazer cultos matutinos e vespertinos em casa; costume que observou, talvez sem uma única exceção, até se achar no leito de morte, com setenta e sete anos de idade, quando, no último dia da sua vida, uma passagem das Escrituras foi lida, e ouviu-se sua voz na oração. Nenhum dos filhos se recorda de um só dia que não fosse assim santificado; muitas vezes havia pressa em atender a um negócio; inúmeras vezes chegavam os amigos, mas nada impedia que nos ajoelhássemos em redor do altar familiar, enquanto o 'sumo sacerdote' dirigia as nossas orações a Deus e se oferecia a si mesmo e a seus filhos ao mesmo Senhor. A luz de tal exemplo era uma bênção, tanto para o próximo, como para a nossa família. Muitos anos depois, contaram-me que a mais depravada mulher da vila, uma mulher da rua, mas depois salva e transformada pela graça divina, declarou que a única coisa que evitou o seu suicídio foi que, numa noite escura, perto da janela da casa de meu pai, ouviu-o implorando no culto doméstico, que Deus convertesse 'o ímpio do erro do seu caminho e o fizesse luzir como uma jóia na coroa do Redentor'.' Vi', disse ela, 'como eu era um grande peso sobre o coração desse bom homem e sabia que Deus responderia à sua súplica. Foi por causa dessa certeza que não entrei no Inferno e que achei o único Salvador'".
Não é de admirar que, em tal ambiente, três dos onze filhos de Tiago Paton: João, Valter e Tiago, fossem constrangidos a dar suas vidas à obra mais gloriosa, a de ganhar almas. Não julgamos estar esse ponto completo sem lhe acrescentar mais um trecho dessa autobiografia:
"Até que ponto fui impressionado nesse tempo pelas orações de meu pai, não posso dizer, nem ninguém pode compreender. Quando de joelhos, e todos nós ajoelhados em redor dele no culto doméstico, ele derramava toda a sua alma em oração, com lágrimas, não só por todas as necessidades pessoais e domésticas, mas também pela conversão da parte do mundo onde não havia pregadores para servirem a Jesus, sentíamo-nos na presença do Salvador vivo e chegamos a conhecê-lo e a amá-lo como nosso Amigo divino. Ao levantarmo-nos da oração, eu costumava olhar para a luz do rosto do meu pai e cobiçava o mesmo espírito; anelava, em resposta às suas orações, pela oportunidade de me preparar e sair,
levando o bendito Evangelho a uma parte do mundo então sem missionários".
Acerca da disciplina do lar, eis o que ele escreveu: "Se houvesse algo realmente sério para corrigir, meu pai se retirava primeiramente para o quarto de oração e nós compreendíamos que ele levava o caso a Deus; essa era a parte mais severa do castigo para mim! Eu estava pronto a enca-rar qualquer penalidade, mas o que ele fazia penetrava na minha consciência como uma mensagem de Deus. Amávamos ainda mais o nosso pai ao ver quanto tinha de sofrer para nos castigar, e, de fato, tinha muito pouco a castigar-nos, pois - dirigia a todos nós, onze filhos, muito mais pelo amor do que pelo temor".
Por fim chegou o dia em que João tinha de deixar o lar paterno. Sem o dinheiro para a passagem e com tudo que possuía, inclusive uma Bíblia embrulhada num lenço, saiu a pé para trabalhar e estudar em Glasgow. O pai o acompanhou até uma distância de nove quilômetros. O último quilômetro, antes de se separarem um do outro, os dois ca-minhavam sem poderem falar uma só palavra - o filho sabia pelo movimento dos lábios do pai que este orava em seu coração por ele. Ao chegarem ao lugar combinado para se separarem, o pai balbuciou: "Deus te abençoe, meu filho! O Deus de teu pai te prospere e te guarde de todo o mal". Depois de se abraçarem, o filho saiu correndo enquanto o pai, em pé, no meio da estrada, imóvel, o chapéu na mão e com lágrimas correndo pelas faces, continuava a orar em seu coração.
Alguns anos depois, o filho testificou de que essa cena, gravada na sua alma, o estimulava como um fogo inextinguível a não desapontar o pai no que esperava dele, seu filho, que seguisse o seu bendito exemplo de andar com Deus.
Durante os três anos de estudos em Glasgow, apesar de trabalhar com as próprias mãos para se sustentar, João Paton, no gozo do Espírito Santo, fez uma grande obra na seara do Senhor. Contudo, soava-lhe constantemente aos ouvidos o clamor dos selvagens nas ilhas do Pacífico e isso foi, antes de tudo, o assunto que ocupava as suas meditações e orações diárias. Havia outros para continuar a obra que fazia em Glasgow, mas quem desejava levar o Evangelho a esses pobres bárbaros?!
Ao declarar sua resolução de trabalhar entre os antropófagos das Novas Hébridas, quase todos os membros da sua igreja se opuseram à sua saída. Um muito estimado irmão assim se exprimiu: "Entre os
antropófagos! será comido por eles!" A isso João Paton respondeu: 'O irmão é muito mais velho que eu, breve será sepultado e comido por vermes; declaro ao irmão que, se eu conseguir viver e morrer servindo o Senhor Jesus e honrando o seu nome, não me importarei ser comido por antropófagos ou por vermes; no grande dia da ressurreição, o meu corpo se levantará tão belo como o seu, na semelhança do Redentor res-suscitado".
De fato, as Novas Hébridas haviam sido batizadas com sangue de mártires. Os dois missionários, Williams e Harris, enviados para evangelizar essas ilhas, poucos anos antes desse tempo, foram mortos a cacetadas, e seus cadáveres cozidos e comidos. "Os pobres selvagens não sabiam que assassinavam seus amigos mais fiéis; assim os crentes em todos os lugares, ao receberem as notícias do martírio dos dois, oraram com lágrimas por esses povos."
E Deus ouviu as súplicas, chamando, entre outros, a João Paton. Porém, a oposição à sua saída era tal, que ele resolveu escrever a seus pais; pela resposta veio a saber que eles o haviam dedicado para tal serviço, no dia do seu nascimento. Desde esse momento, João Paton não mais duvi-dou da vontade de Deus, e assentou no seu coração gastar a vida servindo aos indígenas das ilhas do Pacífico.
O nosso herói conta muitas coisas de interesse acerca da longa viagem à vela para as Novas Hébridas. Quase no fim da viagem, quebrou-se o mastro do navio. As águas os levavam lentamente para Tana, uma ilha de antropófagos, onde a bagagem teria sido saqueada e todos a bordo cozidos para serem comidos. Contudo, Deus ouvira suas súplicas e alcançaram uma outra ilha. Alguns meses depois, foram à mesma ilha de Tana, onde conseguiram comprar o terreno dos silvícolas e edificar uma casa. Comove o coração ler que construíram a casa sobre os mesmos alicerces lançados pelo missionário Turner, quinze anos antes, o qual teve de fugir da ilha para escapar de ser morto e comido pelos selvagens.
Acerca da sua primeira impressão sobre o povo, Paton escreveu: "Fui levado ao maior desespero. Ao vê-los na sua nudez e miséria, senti tanto horror como compaixão. Eu tinha deixado a obra entre os amados irmãos em Glasgow, obra em que sentia muito gozo, para dedicar-me a criaturas tão degeneradas. Perguntei-me a mim mesmo: - 'É possível ensiná-las a distinguir entre o bem e o mal, e levá-las a Cristo, ou mesmo a civilizá-las? Mas tudo isso eram apenas sentimentos passageiros. Logo
senti um desejo tão profundo de levá-los ao conhecimento e amor de Jesus, como jamais sentira quando trabalhava em Glasgow .
Antes de completar a casa em que o casal Paton iria morar, houve uma batalha entre duas tribos. As mulheres e crianças fugiram para a praia onde conversavam e riam ruidosamente, como se seus pais e irmãos estivessem ocupados em algum trabalho pacífico. Mas enquanto os selva-gens gritavam e se empenhavam em conflitos sangrentos, os missionários entregavam-se à oração por eles. Os cadáveres dos mortos foram levados pelos vencedores a uma fonte de água fervente, onde foram cozidos e comidos. A noite ainda se ouvia pranto e gritos prolongados nas vilas em redor. Os missionários foram informados de que um guerreiro, ferido na batalha, acabara de morrer em casa. A sua viúva foi estrangulada imediatamente, conforme o costume, para que o seu espírito acompanhasse o do marido e lhe continuasse a servir de escrava.
Os missionários, então, nesse ambiente da mais repugnante superstição, da mais baixa crueldade e da mais flagrante imoralidade, esforçavam-se para aprender a usar todas as palavras possíveis desse povo que não conhecia a escrita. Anelavam falar de Jesus e do amor de Deus a esses seres que adoravam árvores, pedras, fontes, riachos insetos, espíritos dos homens falecidos, relíquias de cabelos e unhas, astros, vulcões, etc.
A esposa de Paton era uma ajudadora esforçada e dentro de poucas semanas reuniu oito mulheres da ilha e as instruía diariamente. Três meses depois da chegada dos missionários à ilha, a esposa de Paton faleceu de maleita e um mês depois o filhinho também morreu. - Quem pode avaliar as saudades de Paton, durante os anos que trabalhou sem ajudadora em Tana?! Apesar de quase haver morrido também de maleita, de os crentes insistirem para que voltasse à sua terra, e de os indígenas fazerem plano após plano de matá-lo para o comerem, esse herói perma-neceu orando e trabalhando fielmente no posto onde Deus o colocara.Um templo foi construído e um bom número se congregava para ouvir a mensagem divina. Paton não somente conseguiu reduzir a língua dos tanianos à forma escrita, mas também traduziu uma parte das Escrituras, a qual imprimiu, apesar de não conhecer a arte tipográfica. Acerca dessa gloriosa façanha de imprimir o livro em Taniano, assim escreveu: "Confesso que gritei de alegria quando a primeira folha saiu do prelo, tendo todas as páginas na ordem própria; era uma hora da madrugada. Eu era o único homem branco na ilha e havia horas em que todos os nativos dormiam. Contudo, atirei ao ar o chapéu e
((Extraído do livro Heróis da fé http://vozparaasnacoes.loja2.com.br/4125304-Herois-da-Fe))
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