Marcos 6:31
Ernie Johnson Jr. conhece beisebol. Seu pai narrou os jogos da liga principal por três décadas, acompanhando o Braves de Milwaukee a Atlanta. Nos vinte e cinco anos desde que Ernie herdou o microfone, ele cobriu seis esportes em três continentes, narrando jogos explosivos e de roer as unhas, entrevistando os que perderam e os que venceram no último segundo.
Mas um jogo se sobressai de todos os outros. Não por causa de quem jogou, mas por causa de quem deixou de jogar. Ernie tinha nove anos e era um jogador da liga infantil, jogando zelosamente como interbases. Um batedor adversário acertou uma dupla por regra que passou por cima da cerca. Dois defensores externos pularam a cerca para recuperar a bola para que o jogo pudesse continuar. (Aparentemente a liga operava com um orçamento apertado).
Os dois times os esperaram voltar. Eles esperaram… e esperaram… mas ninguém apareceu. Os treinadores preocupados finalmente correram para fora do campo e escalaram a cerca. Os jogadores curiosos, inclindo o Ernie, os seguiram. Eles encontraram a dupla desaparecida a apenas alguns metros da cerca, com as luvas caídas no chão, a bola encontrada a seus pés, amoras e sorrisos em seus rostos.
Os dois jogadores se afastaram do jogo.
Quanto tempo faz que você fez o mesmo? Nós precisamos de recalibrações regularmente. Além disso, quem não poderia aproveitar algumas amoras? Mas quem tem tempo para colhê-las? Você tem transporte para pegar; negócios para conduzir; vendas para fechar; máquinas, organizações e orçamentos para administrar. Você tem que correr.
Jesus entende. Ele conheceu a agitação da vida. As pessoas enchiam o seu calendário com pedidos. Mas ele também sabia como se afastar do jogo.
Depois de resistir à tentação do diabo no deserto e da dura rejeição de sua cidade natal, Jesus viajou para Cafarnaum, onde os cidadãos lhe deram uma recepção calorosa.
“Todos ficavam maravilhados com o seu ensino” (Lucas 4:32).
“E as notícias a respeito de Jesus se espalharam por toda aquela região” (versículo 37 NTLH).
“Depois de anoitecer, todos os que tinham amigos enfermos, com várias doenças, os levaram a Jesus. Ele pôs as suas mãos sobre cada um deles e os curou” (versículo 40 NTLH).
Cristo poderia querer mais? Multidões encantadas, crentes recém-curados e milhares que irão para onde ele conduzir. Então Jesus…
Preparou um movimento?
Organizou uma equipe de comando?
Mobilizou uma sociedade de ação política?
Não. Ele dispensou os especialistas em relações públicas colocando a multidão no espelho retrovisor e mergulhando em uma vida na selva, um abrigo escondido, um edifício vazio, um lugar deserto.
O versículo 42 identifica o motivo: “as multidões… insistiram que não as deixasse”.
Mais de uma vez ele exerceu controle sobre a multidão. “Jesus viu a multidão em volta dele e mandou os discípulos irem para o lado leste do lago” (Mateus 8:18 NTLH).Quando a multidão zombou do seu poder de ressuscitar uma menina, ele expulsou as pessoas do local. “Logo que a multidão saiu, Jesus entrou no quarto em que a menina estava, pegou-a pela mão, e ela se levantou” (Mateus 9:25 NTLH).
Depois de um dia de ensino, “Jesus deixou a multidão e voltou para casa” (Mateus 13:36 NTLH).
Apesar de estar rodeado por possivelmente vinte mil fãs, ele os despediu: “Então Jesus mandou o povo embora” (Mateus 15:39 NTLH).
Cristo repetidamente escapava do barulho da multidão a fim de ouvir a voz de Deus.
Ele resistiu à contra corrente do povo ancorando à rocha do seu propósito: usando sua singularidade (“pregar… noutras cidades também”) para demonstrar a importância de Deus (“o reino de Deus) em todos os lugares que ele pudesse.
E você não está feliz por ele o ter feito? Suponha que ele tivesse atendido à multidão e montado acampamento em Cafarnaum, raciocinando, “Eu achava que o mundo todo fosse meu alvo e a cruz meu destino. Mas a cidade inteira me diz para ficar em Cafarnaum. Podem todas estas pessoas estar erradas?”
Sim elas podem! Em oposição à multidão, Jesus virou as costas ao pastorado em Cafarnaum e seguiu a vontade de Deus. Fazer isto significava deixar alguns doentes sem cura e alguns confusos sem ensino. Ele disse não às coisas boas para que ele pudesse dizer sim à coisa certa: seu chamado sem igual.
Não é uma escolha fácil para qualquer um.
Pode ser que Deus queira que você saia de sua Cafarnaum, mas você está ficando. Ou pode ser que ele queira que você fique, mas você está saindo. Como você pode saber a menos que você silencie a multidão e se encontre com Jesus em um lugar deserto?
“Deserto” não necessariamente significa desolado, apenas quieto. Simplesmente um lugar para o qual você, como Jesus, vai. “Ao romper do dia, Jesus foi” (Lucas 4:42). “Ir” pressupõe uma decisão da parte de Jesus. “Eu preciso ir embora. Pensar. Refletir. Remapear o meu curso”. Ele determinava o tempo, escolhia um lugar. Com determinação, ele apertava o botão de pausa na sua vida.
O diabo implanta taxímetros nos nossos cérebros. Nós ouvimos o implacável tic, tic, tic nos dizendo para correr, correr, correr, tempo é dinheiro… culminando neste borrão que ruge chamado raça humana.
Mas Jesus ficava contra a maré, contrariando com estas palavras: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso” (Mateus 11:28). Siga o exemplo de Jesus, que “retirava-se para lugares solitários, e orava” (Lucas 5:16).
Deus descansou depois de seis dias de trabalho e o mundo não entrou em colapso. O que nos faz pensar que isso acontecerá se nós descansarmos? (Ou temos medo de que isso não aconteça?)
Siga Jesus para o deserto. Mil e uma vozes gritarão como macacos em bananeiras dizendo para você não ir. Ignore-as. Atenda-o. Deixe seu trabalho. Contemple o dele. Aceite o convite do seu Criador: “Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco” (Marcos 6:31).
E enquanto você estiver lá, aprecie algumas amoras.
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