Gen.24:34a49 - O testemunho do servo do Senhor – Vemos aqui, também de forma tipológica, como deve ser a apresentação do evangelho, como se deve apresentar O Noivo para que desperte o interesse da noiva: O servo de Abraão levou o testemunho dizendo (versos 34a36) ........: “Eu sou o servo de Abraão.E o SENHOR abençoou muito o meu senhor, de maneira que foi engrandecido, e deu-lhe ovelhas e vacas, e prata e ouro, e servos e servas, e camelos e jumentos. E Sara, a mulher do meu senhor, deu à luz um filho a meu senhor depois da sua velhice, e ele deu-lhe tudo quanto tem”. O servo fala e revela acerca do pai e do filho. Ele explica que o filho é o “Unigênito do Pai” e é o objeto do amor do pai e que tudo o que pertence ao pai pertence ao filho.
É maravilhoso observar a forma que o Espírito Santo trabalha em busca de uma noiva para o Filho de Deus e a intima semelhança que se dá com o trabalho de Eliézer (servo de Abraão), vejamos o que diz a Palavra:
João 15:26 – “Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim”.
João 16:13a15 – “Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”.
Todo pregador do evangelho deve estar atento a esta divina “coincidência”, pois foi falando de Isaque que o servo procurou atrair o coração de Rebeca e, é com esta mesma fórmula divina que o evangelho deve ser anunciado a todo perdido pecador, é do Filho que se deve falar em cada sermão, pois somente quando o Filho é o centro da mensagem é que o Espírito Santo irá atrair o coração do perdido pecador.
“Ele.......há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”. O Espírito de Deus nunca guiará alguém a olhar para Si, ou mesmo para o Seu trabalho, mas só e somente para Cristo. Por isso, quanto mais espiritual se é, mais se estará ocupado com Cristo.
Em nossos dias, alguns tem considerado como prova de espiritualidade as “obras” do Espírito Santo e até “oram” para o Espírito Santo, outros passam o olhar para o próprio coração e centram-se em si mesmo e em suas “realizações para Deus”, mas desejo aqui deixar bem claro que isto é a maior prova de que isto, na verdade, não vem do Espírito Santo, pois todo o Seu bendito trabalho se concentra em focar no Senhor Jesus e exaltar o Senhor Jesus e falar acerca do Senhor Jesus ....... “Ele receberá do que é meu e vo-lo há de anunciar”. É apegando-se a Cristo que o Espírito atrai almas para Deus. Isto é muito importante porque o conhecimento de Cristo é vida eterna; e é a revelação de Cristo que o Pai dá, por intermédio do Espírito Santo, que constitui a base da Igreja. Quando Pedro confessou Cristo como O Filho de Deus, a resposta de Jesus Cristo foi.... (Mateus 16:17-19) – “E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
Que Pedra? Pedro? Longe disso. “Esta pedra” quer dizer simplesmente a revelação do Pai acerca de Cristo, como o Filho do Deus vivo – o único meio pelo qual alguém é agregado à Assembleia de Cristo. Isto é o evangelho em sua essência, ou seja, a revelação de Uma PESSOA, não apenas uma doutrina, mas a Pessoa do Senhor Jesus sendo revelado pelo Espírito Santo aos Seus eleitos. Por isso afirma o apostolo Paulo: “ Quando aprouve a Deus....... revelar Seu Filho em mim” (Gal.1:15e16). Aqui temos o verdadeiro princípio da “Pedra”, a saber, Deus revelando O Seu Filho. É desta maneira que a superestrutura é levantada e repousa sobre um sólido fundamento.
Versículos de apoio:
Atos 4:11 - Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.
Efésios 2:20 - Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;
I Pedro 2:7 - E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, A pedra que os edificadores reprovaram, Essa foi a principal da esquina,
O servo de Abraão buscando uma noiva para Isaque, mostra toda a dignidade e riqueza com que o pai o havia dotado; o amor de que ele era alvo; enfim, tudo era calculado para enternecer o coração de Rebeca e afastá-lo das coisas temporais de sua terra natal. Ele mostrou a Rebeca um objetivo à distância e pôs diante dela a bem-aventurança de ser tornada em um com aquele ente amado e altamente favorecido. Tudo o que pertencia a Isaque viria a ser dela quando ela se tornasse parte dele. Este, em suma, é o trabalho do Espírito Santo exaltando a Cristo na mensagem do Evangelho. Ele foca a bem-aventurança de sermos um com Cristo, “membros do Seu corpo, da Sua carne e dos Seus ossos” (Ef.5:30).
Assim, sempre poderemos testar se o evangelho esta sendo pregado em Verdade, pois o ensino mais espiritual será sempre caracterizado por completa e constante apresentação de Cristo: Ele será sempre o motivo e o alvo do ensino! O Espírito não pode fixar a atenção em coisa alguma senão em Jesus. Deleita-se em falar Dele. Compraz-Se em mostrar os Seus atrativos e as Suas perfeições. Numa tal pregação haverá pouco espaço para a lógica e para a razão humana. Estas coisas podem ser muito boas quando alguém deseja mostrar-se, porém o único objetivo do Espírito será sempre o de mostrar Cristo Jesus, O Senhor e Noivo da verdadeira Igreja.
Rebeca vai ao encontro do esposo.
Qual foi o efeito da mensagem do servo de Abraão sobre o coração de Rebeca? Podemos notar que os corações podem responder bem ou mal à Verdadeira mensagem, o Senhor diz aos religiosos fariseus “....vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito, as minhas ovelhas ouvem a minha voz” (João10:26e27). A mensagem do evangelho jamais deverá ser mudada ou adaptada afim de agradar aos ouvintes, ela nada tem a ver com cultura ou com a sabedoria humana, ela deve ser pregada em Verdade, pela inspiração do Espírito Santo, não importando os resultados, porque os resultados dependem de Deus “......O Senhor, em cuja presença tenho andado, enviará o Seu anjo contigo, e prosperará o teu caminho, para que tomes mulher para meu filho.....” (Gn.24:40). O servo não tinha que ser criativo ou inventivo, a resposta de Rebeca não dependia da habilidade ou talento da sua oratória ou recursos, mas unicamente de Deus mover o coração..........
E qual foi a resposta de rebeca? O testemunho do servo de Abraão penetrou fundo em seu coração e o desligou inteiramente de todas as coisas que a rodeavam em seu mundo ....... Ela estava disposta a sair, a deixar tudo para trás, a ser uma peregrina, rumo á Canaã para encontrar seu Noivo. Se a esperança de ser a esposa de Isaque, co-herdeira de toda a sua dignidade, era uma realidade, então, continuar a apascentar as ovelhas de Labão com seus parentes e amigos, equivaleria a desprezar tudo quanto Deus, em graça, lhe havia oferecido. Ela precisava SAIR de sua parentela e de seu meio. Não é esta uma figura da Igreja?
Precisamos lembrar que Rebeca ainda não havia visto Isaque com seus olhos físicos, mas acreditou em tudo o que a seu respeito lhe disseram. Ela precisava crer que tudo era verdade, ainda que não estivesse vendo. Ela tinha que estar pronta para fazer uma jornada desconhecida na companhia de UM que lhe havia falado de um objetivo distante e de glória ligada com ele, e assim, esquecendo-se das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão adiante dela, prosseguiu.........pelo prêmio da vocação de Deus (Fil.3:13e14). Não é esta uma sublime tipologia da Igreja em viajem, conduzida pelo Espírito Santo, na direção do encontro com Seu Noivo Celestial?
Qual a alegria do servo durante o caminho? Não seria falar acerca do noivo, não seria dizer a Rebeca acerca daquele que ansioso a esperava, que conversa tremenda seria essa? Que assunto sublime, que gloriosa comunhão teria Rebeca ao longo da jornada pelo deserto ouvindo, da boca do servo, tudo aquilo que o noivo seria para ela após o casamento. Não seria este um desafio para a Igreja atual? Qual tem sido o tema dos sermões e ensinos de nossos dias? Tem sido o noivo apresentado em todo o Seu esplendor? A noiva tem sentido seu coração pulsar a cada dia mais intensamente pelo “grande encontro” que se dará nos ares? (ITes.4:17).
Nada, senão isto, desligará os nossos corações da terra e da natureza. O que, a não ser a esperança de se ligar a Isaque, poderia ter levado Rebeca a dizer “irei”, quando seu irmão e sua mãe disseram: “Fique a donzela conosco alguns dias, ou pelo menos dez dias?” Assim é conosco: Nada, senão a esperança de ver a Jesus como Ele é poderá nos habilitar a busca de purificarmo-nos a nós próprios, assim.